sábado, 23 de janeiro de 2016

CORDEL


BOM SERTANEJO É ASSIM

Pedro Paulo Paulino

Heliodório Paulino,
Setenta e cinco de idade,
Desde o tempo de menino
Não perde oportunidade:
Quando no mês de janeiro
O trovão alvissareiro
Lá do céu manda recado,
Ele agradece rezando
E logo vai se animando
Para plantar seu roçado.

Pega a cuia e a enxada,
Acompanhado de um filho,
Cava a terra já molhada
E planta feijão e milho.
E do chão onde ele planta,
Sente-se que se levanta
Um cheiro de terra nova.
Alegre como criança,
Deposita a esperança
E a semente na cova.

Como bravo sertanejo,
Está sempre previdente,
Pois nunca perde o ensejo
De guardar sua semente.
Do governo não depende,
Pois Heliodório entende
Que camponês preparado,
No seu plantio aproveita
A semente da colheita
Que fez no ano passado.

Mesmo com mais de setenta,
Tem resistência no braço,
Um dia inteiro aguenta
Trabalhando sem cansaço.
Já enfrentou seca grande,
Porém, basta que Deus mande
A chuva, que ele trabalha!
Acorda de madrugada,
Sua segunda morada
É o seu chapéu de palha.

No recanto onde ele mora,
Habita a tranquilidade.
Em vez de minuto e hora,
Ele conta a liberdade.
E diz, todo prazenteiro,
Que o capricho de roceiro
Vai levar até o fim.
Ele é prova e garantia
De que ainda hoje em dia
Bom sertanejo é assim!

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