sexta-feira, 17 de outubro de 2014


ROMEIROS SÃO IMPEDIDOS
DE CHEGAR A CANINDÉ

Pedro Paulo Paulino

A fé, que move montanha
Intransponível, fechada,
Poder supremo que pode
Produzir graça alcançada,
Agora por ironia,
Numa simples rodovia
De repente foi barrada.

O fato noticiado
Intentando contra a fé
Não encontra semelhante,
Pois por si próprio já é
O pior dos ocorridos:
ROMEIROS SÃO IMPEDIDOS
DE CHEGAR A CANINDÉ.

Na Festa de São Francisco
Deu-se esse fato invulgar,
Carregado de tristeza
E bastante impopular.
Barrados como estrangeiros,
SÃO MAIS DE DEZ MIL ROMEIROS
IMPEDIDOS DE CHEGAR.

De cumprir suas promessas
Com seus sonhos peregrinos,
Devotos de São Francisco,
Homens, mulheres, meninos,
Que por gestos humilhantes
Se tornaram tão distantes
Da Meca dos Nordestinos.

Somente lá de Codó,
Cidade do Maranhão,
O comboio de carretas
Que se tornou tradição,
Com mais de dois mil fiéis,
Por restrições mais cruéis
Não pisou no nosso chão.

A caravana da fé
Que três décadas havia
Honrado esse compromisso,
Foi assim, na rodovia,
Impedida de seguir
Seu caminho e de cumprir
As promessas que trazia.

Promessas a São Francisco,
Feitas com tanto fervor!
E cujo aquele que faz
Só se sente pagador
Se pagar pessoalmente
Conversando frente a frente
Com seu santo protetor.

Promessa em troca de um pouco
Do nome felicidade,
Promessa talvez por chuva,
Por cura de enfermidade
E também graça alcançada
Que de repente é frustrada
Com tanta brutalidade.

Corações cheios de fé
E jamais desenganados.
Destinos simples, porém,
Por sonhos alimentados
De pisarem este chão
E que de repente são
De forma brutal barrados.

Caso nunca registrado
Na história da romaria
De São Francisco das Chagas
Aconteceu nesse dia,
E depois que aconteceu,
Canindé se comoveu
E o povo se agitaria.

O protesto pelas ruas
Caminhou juntando gente,
Populares revoltosos
Com esse gesto insolente
Que barrou a romaria
De Codó, que chegaria
Nesta manhã de sol quente.

Pau-de-arara sempre foi
A condução do romeiro
Dedicado e fervoroso
Que trabalha um ano inteiro
Para vir cheio de fé
Visitar o Canindé
E seu santo padroeiro.

Afinal, a romaria
Não é feita de nobreza.
É feita de gente pobre
Que vem aqui na certeza
De participar da festa,
E apenas reside nesta
A sua maior riqueza.

Mais perigosos na estrada,
Que os caminhões de romeiro,
São automóveis de luxo,
Sem origem e paradeiro,
Talvez levando assaltante
Que ameaça a cada instante
O cidadão brasileiro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário