Hoje, 20 de outubro é o Dia do Poeta. Em homenagem, reproduzimos essas décimas do poeta Silvino Pirauá:
E TUDO VEM A SER NADA
Autor: Silvino Pirauá
Tanta
riqueza inserida
Por tanta
gente orgulhosa
Se julgando
poderosa
No curto
espaço da vida
Oh! Que
ideia perdida
Oh! Que
mente tão errada
Dessa
gente que enlevada
Nessa
fingida grandeza
Junta
montões de riqueza
E tudo vem a ser nada
Vemos
um rico pomposo
Afetando
gravidade
Ali só
reina bondade
Nesse
mortal orgulhoso
Quer
se fazer caprichoso
E vive
de venta inchada
Sua cara
empantufada
Só apresenta
denodos
Tem esses
inchaços todos
E tudo vem a ser nada
Trabalha
o homem, peleja
Mesmo
a ponto de morrer
É somente
para ter
Que ele
se esmoreja
Às vezes
chove, troveja
E ele
nessa enredada
Alguns
se pões na estrada
À
lama, ao sol, ao chuveiro
Ajuntam
muito dinheiro
E tudo vem a ser nada
Temos
palácios pomposos
Dos grandes
imperadores
Ministros
e senadores
E mais
vultos majestosos
Temos
papas virtuosos
De uma
vida regrada
Temos
também a espada
De soberbos
generais
Comandantes,
marechais
E tudo vem a ser nada
Honra,
grandeza, brazões
Entusiasmos,
bondades
São completas
vaidades
São perfeitas
ilusões
Argumentos,
discussões
Algazarra,
palavrada
Sinagoga,
caçoada
Murmúrios,
tricas, censura
Muito
tem a criatura
E tudo vem a ser nada
Vai
tudo numa carreira
Envelhece
a mocidade
A avareza
e a vaidade
E quer
queira ou não queira
Tudo
se torna em poeira
Cá nesta
vida cansada
É uma
lei promulgada
Que vem
pela mão divina
O dever
assim destina
E tudo vem a ser nada
Formosuras
e ilusões
Passatempos
e prazeres
Mandatos,
altos poderes
De distintos
figurões
Cantilenas
de salões
Também
festa engalanada
Virgem
donzela enfeitada
No gozo
de namorar
Mancebos
a flautear
E tudo vem a ser nada
Lascivas,
depravações
Na imoral
petulância
São enlevos
da infância
São infames
corrupções
São fingidas
seduções
Que faz
a dama enfeitada
Influi-se
a rapaziada
Velhos
também de permeio
E vivem
nesse paleio
E tudo vem a ser nada
Bailes,
teatros, festins
Comédia,
drama, assembléia
Clube,
liceu, epopéia
Todos
aguardam seus fins
Flores,
relvas e jardins
Festas
com grande zoada
O
oiteiro e a campinada
Frondam
copam e florescem
Brilha,
luzem, resplandecem
E tudo vem a ser nada
O homem
se julga honrado
Repleto
de garantia
De brasões
e fidalguia
É ele
considerado
Mas quanto
está enganado
Nesta
ilusória pousada
Cá nesta
breve morada
Não vemos
nada imortal
Temos
um ponto final
E tudo vem a ser nada
Tudo
quanto se divisa
Neste
cruento torrão
As árvores,
a criação
Tudo
enfim se finaliza
Até mesmo
a própria brisa
Soprando
a terra escarpada
Com força
descompassada
Se transformando
em tufão
Deita
pau, rola no chão
E tudo vem a ser nada
Infindo
só temos Deus
Senhor
de toda grandeza
Dos céus
e da natureza
De todos
os mundos seus
Do Brasil,
dos europeus
Da terra
toda englobada
Até mesmo
da manada
Que vemos
no arrebol
Nuvem,
Lua, estrela e Sol
Tudo o mais vem a ser nada
.........
SILVINO PIRAUÁ
Silvino
Pirauá de Lima nasceu em Patos, em 1848 e faleceu em Bezerros, Pernambuco, em
1923. Cantador e poeta popular, foi tido como o discípulo de Romano do
Teixeira, o célebre cantador que travou com Inácio da Catingueira legendária
peleja. Ao lado de Ugolino Nunes da Costa e Romano Caluete, seu mestre, Silvino
é considerado um dos maiores da poesia. Ao lado de Ugolino Nunes da Costa e
Romano Caluete, seu mestre, Silvino é considerado um dos maiores da poesia
popular nordestina. Juntamente com Leandro Gomes de Barros, é considerado um dos
criadores da literatura de folhetos.
Além
de bom improvisador e glosador, introduziu várias inovações formais na poesia
popular: foi um dos primeiros a usar a sextilha e é tido como criador do “martelo
agalopado”. Autor de uma das várias versões que se conhece da peleja de Romano
do Teixeira com Inácio da Catingueira, escreveu, entre outros títulos: “História
do capitão do navio”, “As três moças que quiseram casar com um só moço”, “Verdadeira
peleja de Francisco Romano com Inácio da Catingueira” e “A vingança do sultão”.
AOS POETAS GENUINAMENTE CEARENSES OS PARABENS ,CONHEÇO AUGUNS COMO:PEDRO PAULO,ARIEVALDO LIMA,GONZAGA VIEIRA,J BATISTA,NATAM MARREIRO,GRAÚNA,MELENGO,MARIO LIRA,CESAR MAGALHAES,CHICO VALTER,MANUELZINHO,ZÉ NILTOR,HAGAMENON,ENTRE OUTROS ,TERRA DE POETAS,
ResponderExcluirObrigado, Adegildo (Moreno). Vc está sempre à cata de cultura, principalmente entre os modestos artistas canindeenses, seus amigos pessoais. O blog Vila Campos Online agradece a sua visita sempre. Abçs.
ResponderExcluirParabéns pelo seu trabalho. PPP, sou canindeense e admiro o que você faz, nasci próximo da vila campos em um pequeno povoado no pé da serra do logradouro. ainda tenho parentes ai. Gostaria de ver algum verso ou prosa falando da minha família na qual você conheceu e tinha grande admiração por você. Sou filho de Manoel cosmo da silva. "manezin gavião"
ResponderExcluir