CANTORIA
NO CÉU
Autor: João
Gomes da Silveira
Luiz
Gonzaga: regional, telúrico, o
mais
universal de todos os cantores
brasileiros.
Hoje¹,
em data especial,
Há
todo um clima de festa;
E,
nas sextilhas que canto,
Também
vou cantar seresta,
Mas
só para o Gonzagão,
Nada
para quem não presta.
Tem
cantoria no céu,
Muita
algazarra na Terra,
O
Gonzagão centenário,
Pelo
que a voz dele encerra,
De
norte a sul do País
E
até nos céus da Inglaterra.
Vivo
fosse o tocador,
O
gênio Luiz Gonzaga
Hoje
faria (redondos)
Cem
anos da grande saga
De
ter alegrado o povo,
Donde
faz jus sua paga.
Gonzaga,
vindo de Exu,
Foi
recruta em Fortaleza;
Depois,
cantou dos sertões
As
tradições e a beleza,
Seus
costumes, sua gente,
A
seca e desta a tristeza.
Cultivou,
antes de tudo,
De
todos, com maestria,
Sentimentos
populares,
Como
ninguém o faria,
Aos
acordes da sanfona,
E
com a melhor poesia.
Pelo
povão aclamado
Como
o seu “Rei do Baião”,
Cabra
da peste (inconteste),
Que
animava à cheia mão,
Também
do xote e forró
Fez-se
o maior campeão.
Tem
cantoria no céu,
Mais
que na Terra alegria.
Aqui,
as saudades gritam!
E,
embora reine ufania,
Nos
seus cem anos vivendo,
Melhor
Gonzagão riria.
Canções
no céu troarão,
E
Catulo e Patativa²,
Na
certa, vão dar serões,
A
trovar, com voz altiva,
Louvando
a Luiz Gonzaga,
Sempre
de voz rediviva.
No
séc’lo do sanfoneiro,
Estátua
lhe seja erguida,
Não
na praça chapa branca,
Porém
de todos na vida;
Então
no chão da memória,
Onde
um herói tem guarida.
Tem
cantoria no céu:
Os
do Além, com alegria,
Irão
acender velinhas
Ao
Gonzagão, neste dia,
Com
telurismo celeste
E
universal poesia.
Salve
do povo esse artista,
Que
exalta o nosso vaqueiro,
As
sertanejas bonitas,
O
valente cangaceiro,
O jumento, nosso irmão
E
o pobre homem roceiro.
Salve
do Nordeste o vate
De
fole sempre afiado,
Esse
andarilho constante,
De
norte a sul venerado,
Devoto
do Padim Ciço,
Do
Frei Damião soldado.
Salve
o cantor d’Asa branca,
Esta
linda partitura
Que
fez Humberto Teixeira
Com
tão sonora ternura.
Salve
também Assum preto,
De
Zé Dantas, ai, doçura!
Salve
o mestre do xaxado,
Do
forró e do baião;
Do
Brasil um baluarte,
Que
o povo diz Gonzagão.
Hoje,
estando centenário,
Não
dá vaza³ ao Lampião.
Fort., 06/12/2012.
...........................
(¹)
Na verdade, a data natalícia de Luiz
Gonzaga do Nascimento (1912-1989)
é 13 de dezembro. É o centenário
dele,
que aqui saudamos.
(²) Catulo e Patativa - Catulo
da Paixão
Cearense (1863-1946),
autor de “Luar
do
sertão” e Antônio Gonçalves da Silva
(1909-2002),
o Patativa do Assaré; um
maranhense
e o outro cearense.
(³) Não
dar vaza - Não dar ensejo, não dar
oportunidade,
não deixar espaço para.
O blog da Campos Vila
ResponderExcluirJamais afugenta assunto
E trata no seu conjunto
O mote que se destila
A caserna que perfila
Folclore, quadra, quadrão
A saga de Gonzagão
Carl Sagan e Zé Limeira
É cultura verdadeira
Merece nossa atenção.
O gracejo do sertão
Clima ameno natural
Coador, colher-de-pau
Um capote no pirão
Pendurado um lampião
Muito embora o Uiaretê
(Conhecido Kakerê)
Citando o bujão de gás
Diga que ficou pra trás
coisa que não mais se vê.
Agradeço o comentário
ResponderExcluirSobre o blog do sertão
Aqui temos Gonzagão
Com festa de centenário
Tem cantiga de canário
Tem a prosa e a poesia
Zé Limeira assim diria
Se do blog desse fé:
"Foi por aqui que o Tomé
De Sousa veio à Bahia"