GONZAGÃO
CENTENÁRIO
Pedro Paulo Paulino
Salve Sua
Majestade,
Gonzaga, Rei do
Baião.
Salve treze de
dezembro,
Data Magna do
Sertão.
Salve Exu tão
venerado.
Salve doze, ano
sagrado.
Salve, ó dia que
trouxeste
Para o povo
brasileiro
Gonzagão, o
verdadeiro
Embaixador do
Nordeste.
Salve o Baião,
salve o Xote,
Salve o Coco e o
Xaxado.
Salve o fole de
oito baixos
Pelo velho pai
tocado.
Salve o povo
nordestino,
Conselheiro e
Virgulino,
Santana e Seu
Januário,
O Padim Ciço
Romão,
Salve, salve
Gonzagão,
Por este seu
centenário.
Gonzaga do
Nascimento,
Luiz de Santa
Luzia,
Nosso Rei
iluminado
Nasceu neste
santo dia.
A carreira desse
artista
Foi brilhante
qual a vista
Da própria Luzia
Santa.
É mês também de
Jesus,
Por isso em tudo
tem luz
Que Luiz Gonzaga
canta.
O Nordeste está
em festa,
Todo o Brasil
comemora.
É centenário de
Lua,
O Baião sorri e
chora.
Repentistas
violeiros,
Cantadores e
vaqueiros,
Artistas do
nosso povo,
Juntos, numa
sinfonia
Dão vivas para
este dia:
Gonzagão nasce
de novo,
Para cantar mais
cem anos
No meio da nossa
gente,
Vivo sempre na
memória,
No coração de
quem sente
Amor por este
Nordeste
Que tu, Gonzaga,
fizeste
Ser mais rico e
mais feliz,
Mais alegre e
colorido
E bem mais
reconhecido
Pelo resto do
País.
Assum Preto,
mesmo cego,
Hoje canta sem
parar,
A Acauã, neste
dia,
Já não pára de
cantar.
Rolinha Fogo
Pagou
Com Sabiá se
juntou,
Veio o Pássaro
Carão...
Toda voz hoje se
solta,
Asa Branca
também volta
E canta pra
Gonzagão.
A Carimbamba
encantada
Também faz a sua
festa.
A Mãe-da-lua
dolente
Pra Gonzaga faz
seresta.
Azulão e
Bacurau,
Juriti,
João-corta-pau,
A Peitica e a
Sururina,
Hoje cedo se
levantam,
Em concerto
todos cantam
Pra maior voz
nordestina.
Estradas, rios e
matas,
Pra Luiz cantam
também.
Há uma salva de
apito
Vinda lá do
velho trem.
Tem cordel lido
na feira,
Tem Samarica
Parteira
Tem rabeca e tem
viola.
Dentro da
programação
Tem até
competição
De Siri jogando
bola.
Cego Aderaldo,
no céu,
Com Zé Dantas,
compõe hino;
Humberto
Teixeira escreve
Junto com Zé
Marcolino.
D. Helena se
avizinha
Para assistir
Gonzaguinha
Num solo
emocionante...
E o céu se
descontrai
Quando ele canta
com o pai
"A vida do
viajante".
Vem Coronel
Ludugero
Mais o Jackson
do Pandeiro.
Vem o Noca mais
Julinho
Ary Lobo forrozeiro.
Padre Vieira,
também,
Filosófico lá
vem,
Junto com Frei
Damião.
Crentes, ateus e
profanos,
Todos festejam
cem anos
Do nosso Rei do
Baião.
Aqui na terra, a
Jurema,
O Pau d'Arco, o
Umbuzeiro,
Somam seu
perfume e cores
Ao verde do
Juazeiro.
Trazendo seu
relinchar,
Vem também
comemorar
O Jumento nosso
irmão.
E todos, num só
cenário,
Dão vivas ao
centenário
De Luiz, Rei do
Baião.
Gonzagão do
Pernambuco,
Gonzagão do
Ceará,
Gonzagão das
Alagoas,
Rio de Janeiro e
Pará,
De São Paulo e
da Bahia,
Gonzagão de
simpatia,
De sentimento
profundo,
Gonzagão lá do
estrangeiro,
Gonzagão tão
brasileiro,
Gonzagão de todo
mundo.
Gonzagão de
Januário,
Gonzagão Rei
Majestade,
Monarca cuja
coroa
Foi sua
simplicidade.
O Gonzagão que
hoje é cem
E cem por cento
também
Artista gênio do
povo,
Com a voz e a
sanfona,
Hoje e sempre
emociona,
Com seu canto
belo e novo.
Todo inverno bom
de safra
E toda seca
inclemente
Foram pelo velho
Lua
Decantados
vivamente.
Na tristeza e na
alegria,
Seu canto é
sabedoria,
Por isso Luiz
Gonzaga
No tempo não tem
limite,
Seu nome é
sempre um convite
Vivo que jamais
se apaga.
Não convém
qualquer requinte
Para louvar
Gonzagão,
Porque seu nome
já rima
Com a rima do
sertão.
E aqui no meu
Ceará
Gonzagão sempre
estará
Com a gente
andando a pé,
Junto a Humberto
Teixeira,
Cantando em
noite fagueira
A “Estrada do
Canindé”.
Versos maravilhosos de quem conhece em toda a sua extensão a obra de Luiz Gonzaga e tem a alma sensível para entender a apoteose do sertão, sua gente e sua natureza que o mestre fez.
ResponderExcluirFlávio Henrique
Cordel exemplar, feito com gosto, apuro e técnica.Há pelo menos duas homenagens a Canindé na discogragia de Gonzagão: São Francisco de Canindé, de autoria de Julinho - Luiz Bandeira, do disco Chá Cutuba de 1977, e a conhecida Estrada de Canindé, parceria com Humberto Teixeira de 1950, mesmo ano em que começa a compor com Zé Dantas.Corridinho Canindé, de 1961, do Rei do Baião e Lourival Passos, se homenagem for, é indireta. Gonzagão é a base de toda a música "rítmica" nordestina atual, mesmo a contrafação do forró eletrônico. Foi um homem simples, não afeito ao conforto, familiarmente talvez infeliz, em certas etapas de sua vida. O conjunto de sua obra está longe de ser totalmente assimilado. Sua arte é uma fortaleza igual ao sol áspero do sertão e a dureza mansa da gente nordestina.
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