quinta-feira, 13 de outubro de 2011


RESGATE DOS MINEIROS CHILENOS
COMPLETA UM ANO

Operação resgate no Deserto do Atacama, Norte do Chile,
em 13 de outubro de 2010
Pedro Paulo Paulino

Há exatamente um ano, o melhor comentário sobre o resgate dos 33 meneiros chilenos soterrados, eu ouvi do jornalista da rede Globo, Alexandre Garcia. Ele disse: “Uma vitória da solidariedade e do engenho humano”. Dito e feito. Foi um dos mais espetaculares exemplos de solidariedade humana mostrado ao mundo inteiro naquele 13 de outubro de 2010, quando a sonda Fênix trouxe à superfície os 33 homens confinados dentro da terra por 69 dias, na mina de San José, no Deserto do Atacama, Norte do Chile.
A megaoperação, que se tornou um fenômeno midiático, alcançou êxito bem antes do previsto, para sorte dos mineiros e felicidade de seus familiares. A perfuração de um túnel de 700 metros e a construção de uma sonda própria para o resgate comprovam a capacidade do homem para contornar desafios e situações delicadas. O nome dado a sonda foi o mais feliz possível: Fênix, o pássaro fabuloso que renasce das cinzas.
Um enorme exército de pessoas, de diversas áreas profissionais e de vários países, uniu-se generosamente para salvar os 33 trabalhadores. E um bocado de toda a soma de recursos tecnológicos desenvolvidos até hoje foi aproveitado na operação. Da corda ao telefone celular, da roda ao computador, tudo foi empregado caprichosa e calculadamente na execução dos trabalhos de resgate.
Mas o exemplo de solidariedade maior não veio somente dos que estavam fora do subterrâneo. Veio também deles, os mineiros soterrados, que durante 69 dias aprenderam a enfrentar o drama, gerando um verdadeiro insight para momentos de dificuldade extrema. O modo como evitaram o desespero geral entre eles e até mesmo o suicídio coletivo em potencial, só pode ter sido alcançado por meio de um espírito forte de solidariedade que os contagiou, reforçando neles o auto-controle, a esperança de sobrevivência e de resgate.
É quase impossível, suponho, que no meio de 33 pessoas não haja alguém acometido de claustrofobia, o medo mórbido de lugares fechados, uma das fobias mais comumente encontradas. E se tal pessoa havia entre os 33 mineiros, certamente a coragem e a firmeza dos outros companheiros anularam esse pavor. Porém, tão ou mais estressante, creio, que passar 69 dias confinado num buraco, foram os cerca de doze minutos fechado e amarrado dentro de um cubículo de 53 centímetros, por um túnel de 700 metros. Dentro da mina, pelo menos, a sensação de não estar só devia amenizar a angústia. Mas ali, naquele espaço reduzidíssimo da sonda… Não calculo o tamanho da ansiedade e da expectativa desses viajantes da Fênix para ver o mundo aqui fora!
Em todos os detalhes, o exemplo dos mineiros soterrados pode ser entendido como é grandioso e importante o conjunto de mentes sintonizadas com um objetivo comum. E mais fundamenal ainda, quando essa aliança cerebral acontece em favor da vida.
No caso dos mineiros chilenos, uma verdadeira operação de guerra foi montada para salvá-los. A mesma tecnologia empregada para destruir, viu-se ali utilizada para salvaguardar. O mundo inteiro viu pela televisão, naquela madrugada de 13 de outubro, o quanto podemos fazer por nós mesmos quando o espírito de solidariedade, aliado à inteligência, vence.

Um comentário:

  1. Pedro Paulo descreveu com fidelidade e riqueza de detalhes a aventura do resgate dos mineiros chilenos. E fez observações muito perspicazes, sobretudo no que se refere à união perfeita da solidariedade humana com a ciência. Pena que isso só aconteça em momentos de perigo, em acidentes e guerras, embora de vez em quando tenhamos notícia de feitos heroicos praticados por pessoas comuns, no nosso cotidiano.
    O acervo de conhecimentos científicos da humanidade é espantoso, mas nem sempre é utilizado em favor da população, especialmente os mais pobres, que vivem em condições pré-históricas. Vale salientar que o excelente nível de vida de alguns países da Europa, do Canadá, da Austrália e do Japão é fruto também da solidariedade, visto que no Estado do bem-estar social as pessoas e o governo priorizam, em boa medida, o coletivo em vez do egoísmo competitivo, característico do capitalismo selvagem, que por sinal ainda predomina no Brasil. E nesses mesmos países a ciência é valorizada, sendo destinado um volume significativo de recursos para a pesquisa básica e aplicada, motivo da existência de empresas multinacionais com tecnologia de última geração, o que contribui para uma geração de renda suficiente para sustentar a saúde e educação públicas e a assistência social a idosos e desempregados.
    Por sinal, o Chile é um país que, embora não tenha tantos recursos naturais quanto o Brasil, dá à sua população o nível médio de vida melhor da América Latina.

    Flávio Henrique

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