sábado, 10 de setembro de 2011

crônica


O MAL NAS TEIAS DA INTERNET
Alerta aos internautas, principalmente aos jovens
que buscam com avidez o uso da tele-informática


Pedro Paulo Paulino

 Em 1866, Alfred Nobel, utilizando uma substância química, a nitroglicerina, inventou a dinamite. O invento do cientista sueco foi aplicado em larga escala na mineração, poupando o trabalho braçal e gerando grande avanço nesse setor. O explosivo inventado por Nobel passou a ter também importante aproveitamento na exploração de poços de petróleo, tornando-se uma das maiores contribuições da ciência para a estruturação do mundo moderno. Com seu invento, Alfred Nobel conquistou fama de imortal, inclusive através do prêmio que leva seu nome e que recompensa a cada ano os benfeitores nas áreas da Literatura, Física, Química, Fisiologia e Medicina, além do Prêmio Mundial da Paz. Alfred Nobel acumulou grande fortuna, mas morreu amargurado ao ver a dinamite que ele inventou sendo empregada na fabricação de bombas para matar seres humanos.
Outro cientista, o brasileiro Santos Dumont, suicidou-se ao ver o avião que ele inventou sendo utilizado na guerra. Há poucos anos, vimos esse meio de transporte fantástico sendo dominado por loucos para derrubar as Torres Gêmeas, provocando a morte de milhares de civis. Já nos primórdios da nossa evolução, o homem inventou a lança, com a qual abatia animais para o alimento das tribos primitivas. Mas em pouco tempo, a lança já estava sendo utilizada pelos primeiros guerrilheiros para matar seres humanos.
A história comprova que toda invenção humana tem duas faces: a do bem e a do mal. Sem a faca de cozinha, com que vamos cortar a carne e preparar nossa refeição? Essa mesma faca, nas mãos de um criminoso, pode tirar uma ou mais vidas humanas. Tudo, afinal, que o homem fabrica, tem uso diferenciado, conforme a intenção.
Nos fins do século passado e início deste século, a maior revolução na vida prática aconteceu com a popularização da internet, esse invento maravilhosamente humano. A rede mundial de computadores já faz parte do dia a dia de milhões de pessoas. A internet permite a realização de atividades como correio eletrônico, grupos de discussão, pesquisas, transferência de arquivos, lazer, compras etc. Tudo isso instatâneo! Pela internet, nos comunicamos em tempo real com um ente querido distante. Nas empresas e repartições públicas, a internet é hoje um recurso indispensável.
Lamentavelmente, a internet também já é uma ferramento a serviço do mal.
Exemplo recente causou escândalo em Canindé. A exposição de meninas em cenas de sexo explícito na internet, gerando inclusive a produção e comercialização de DVDs, nos dá uma medida do quanto arriscado é o uso inescrupuloso da informática. Jovens foram expostas ao escárnio e à zombaria pública, numa espécie de vingança que nos faz pensar no castigo de Afrodite, a deusa da beleza e do amor, na mitologia grega. Diz a lenda, que o esposo de Afrodite, enciumado, prendeu-a, juntamente com o amante dela, numa teia invisível e inquebrável para exibir a traição aos outros deuses do Olimpo.
A internet, a grosso modo, está se tornando essa teia inquebrável e invisível, já que seu endereço físico não está em lugar nenhum, mas seus endereços virtuais estão em todos os cantos do planeta. É preciso, portanto, muito cuidado para não cair nessa teia cibernética, que na proporção em que canaliza o bem, canaliza o mal. Com o progresso incrivelmente rápido da informática, já não temos mais a privacidade de outros tempos. De todos os modos, somos observados hoje em dia: pelo cartão eletrônico, pelas câmeras ocultas, pelos minúsculos gravadores, pelos aparelhos celulares, enfim, por uma parafernália – extremamente útil mas extremamente perigosa!
O episódio que tomou conta da cidade há pouco tempo, atraindo a curiosidade de muita gente, serve de parâmetro para nosso comentário. Estamos, assim, testemunhando que até a prática do sexo, uma necessidade imperativa de todas as espécies vivas, é também utilizada em determinados casos para fazer o mal. Apoteose do amor, o sexo é a glorificação sublime e secreta de uma relação a dois, e meio natural e irrevogável de reprodução. Vulgarizá-lo e utilizá-lo para macular alguém, gerando constrangimento e vergonha, trauma e desonra em famílias, nem é animalesco nem humano – é crime. O caso das jovens de Canindé expostas ao ridículo na internet, provocando uma onda impiedosa de humilhação e gracejos de mau gosto, virando até mesmo caso de polícia, nos faz concluir cabalmente que, em tais casos, em vez de amor –  fez-se guerra.

2 comentários:

  1. Concordo com tudo que você mencionou, e digo mais. Há também a questão do abuso, do desregramento habitual de algumas pessoas principalmente os mais jovens, causando assim uma espécie de vício. Existe até um termo atualíssimo que é o estresse causado pela hiperconectividade e a sensação de ainda estar sempre desatualizado chamada inFoxicação. Que é o neologismo das palavras “informação” e “intoxicação”. E as conseqüências são a ansiedade diante de tantas opções e a superficialidade. A conhecida Síndrome da Fadiga Informativa.

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  2. A menção do mau uso da dinamite e do avião foi brilhante, demonstrando a largueza de visão do articulista. Com efeito, toda criação humana, especialmente a dos gênios, acaba sendo distorcida e mal usada pelas massas, evidenciando uma inquestionável diferença evolutiva entre os seres humanos.
    Ensina-se na filosofia esotérica que, antes da nossa civilização ária, que tem em torno de 900.000 anos (!), existiu a civilização atlante, cuja última ilha (Posêidon) afundou em torno de 9.000 anos antes de Cristo, conforme relata Platão n'A República e no Timeu, informação esta obtida dos sacerdotes egípcios. Durante muito tempo, a nossa civilização e a atlante conviveram em conflito, e isso é contado na mitologia grega (os Titãs eram atlantes), que tem um fundo de verdade encoberta pelo mito.
    Pois bem, os atlantes tinham poderes psíquicos muito superiores aos dos raros paranormais de hoje, e tais poderes, que são em parte divinos, foram usados para o mal por uma parte daquela civilização. É possível que as pirâmides tenham sido construídas pelos atlantes com uma força denominada vrill n'A Doutrina Secreta, obra da russa Helena P. Blavatsky. Não se pode passar sequer uma folha de papel entre as pedras que compõem as pirâmides de Gizeh, tal a precisão com que foram cortadas, possivelmente com o vrill. Felizmente, essa força potentíssima é desconhecida da humanidade atual.
    Por outro lado, o conhecimento científico e tecnológico pode, paradoxalmente, resultar em decadência do ser humano, quando mal usado. É o que diz o filósofo e notável historiador americando Will Durant, na sua obra Os Grandes Pensadores, traduzida pelo nosso Monteiro Lobato (São Paulo: Companhia Editora Nacional,1968. 6ª ed.- p. 87):
    "Os antigos diziam 'conhecimento é virtude'; o moderno diz 'conhecimento é poder'. E assim a riqueza vem e a paz retira-se. O corpo prospera e a alma decai. Pois, que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se ele perde a honra, o senso da beleza, as boas maneiras e o bom gosto, e sua força espiritual como artista, poeta, homem de Estado, filósofo e santo?"

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