sábado, 27 de agosto de 2011

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ANIVERSÁRIO DO POETA AMADO NERVO

Amado Nervo é o pseudônimo de Juan Crisostomo Ruiz de Nervo. Nasceu a 27 de agosto de 1870, no México, e morreu a 24 de maio de 1919, em Montevidéu, Uruguai. Poeta Mexicano, ligado à corrente modernista.

Durante algum tempo estudou no seminário de Zamora. Em 1891 abandonou a carreira eclesiástica. A partir de 1894 passou a se dedicar ao jornalismo. Em 1900 foi para Paris, onde conheceu Rubem Dario. De 1898 a 1903 foi editor da Revista Moderna. Deu início a sua carreira diplomática em Madri, Espanha, em 1905. em 1918 foi nomeado ministro plenipotenciário na Argentina, Uruguai e Paraguai, foi colaborador do jornal El Imparcial. Amigo íntimo de Rubem Dario, sofreu bastante a influência deste. É considerado um grande poeta de caráter religioso. Suas obras mais importantes são: livros de poemas – Perlas Negras, Poemas, Lira Heroica, Los jardines Interiores, Serenidad; em prosa – El bachiller e El Domador de Almas. 

Já bem perto do ocaso, eu te bendigo, ó Vida,
Porque nunca me deste esperança mentida,
Nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
Porque vejo, ao final de tão rude jornada,

Que a minha sorte foi por mim mesmo traçada;
Que, se extraí os doces méis ou o fel das cousas,
Foi porque as adocei ou as fiz amargosas;
Quando eu plantei roseiras, eu colhi sempre rosas.

Decerto, aos meus ardores, vai suceder o inverno:
Mas tu não me disseste que maio fosse eterno!

Longas achei, confesso, minhas noites de penas;
Mas não me prometeste noites boas, apenas
E em troca tive algumas santamente serenas…

Fui amado, afagou-me o Sol. Para que mais?
Vida, nada me deves. Vida, estamos em paz!


6 comentários:

  1. De uma certa maneira, pode-se dizer que certo sonetista canindeense bebeu bastante na fonte desse poeta singelo, que também conta com vários sonetos amorosos... de quem é a tradução apresentada mesmo?

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  2. De fato, Amado Nervo tem uma poesia espiritualista, mística até. Li alguns de seus escritos na década de 80, na Revista d'O Pensamento, editada pelo Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, instituição filosófica com sede em São Paulo e fundada no começo do século XX pelo português Antônio Olívio Rodrigues. Nessas revistas eram publicados também escritos de Carlyle, Marden e Fernando Pessoa, tradutor para o português dos livros publicados pela Sociedade Teosófica (cuja sede mundial fica na Índia). Fernando Pessoa era declaradamente teósofo, sendo, assim, adepto das teorias da reencarnação, do carma e de evolução. Alinhavam-se com as mesmas ideias os escritores britânicos George Bernard Shaw (romancista e ensaísta), William Butler Yeats (poeta, dramaturgo e místico) e James Joyce (poeta e romancista). Como se vê, gigantes da literatura do século XX.

    Flávio Henrique

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  3. Caro leitor anônimo, bem que desejei informar a autoria da tradução do poema de Amado Nervo. Infelizmente, no site Widipédia, de onde recolhi o trabalho, não consta. Aliás, ali tem pouquíssima coisa sobre o poeta. O resumo biográfico publicado nesta página do blog foi extraído do DBU (Dicionário Biográfico Universal). Espero que a tradução esteja à altura do original.

    PEDRO PAULO PAULINO

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  4. Caro blogueiro, conserve essa linha, prestigiando, na minha modesta visão, a mais abrangente das artes: a Literatura.

    Veja o que o diz o velho Otto Maria Carpeaux sobre Amado Nervo em sua monumental História da Literatura Ocidental:

    "Modernista romântico foi o mexicano Amado Nervo, diplomata elegante e existência frustrada, romântico na poesia religiosa, modernista na poesia erótica de uma homem decadente".

    Taí outra versão do soneto postado, desta vez, mais canônico nas rimas dos quartetos. Até este que vos comenta já tentou a mesma tradução nos idos da década de oitenta...


    (Trad. de Altair de Almeida Carneiro)



    No meu ocaso eu te bendigo, Vida,

    pois nunca vi falhada uma ilusão.

    Tu jamais me causaste uma ferida,

    nem dor, ou pena, ou sofrimento vão.



    E vejo agora, ao fim da minha lida,

    que o meu destino eu fiz com a própria mão.

    E só de espinhos tive a alma dorida,

    quando neguei sementes para o chão.



    Bem sei que em breve há de chegar o inverno,

    e hão de vir noites tristes e enluaradas.

    Mas não me prometeste estio eterno.



    Em troca tu me deste quente abrigo,

    e, ao sol do Amor, radiantes alvoradas...

    Nada me deves, Vida, e eu te bendigo!

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  5. Prezados, eu também leio Amado Nervo, a tradução apresentada pelo nosso amigo Pedro é de Anderson Braga Horta, poeta mineiro. Curiosidade, ele fez duas versões para o mesmo soneto. A conferir em:http://www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/mexico/amado_nervo.html

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  6. Ressalvo que o original postado não é soneto, porém há vários poemas de Amado Nervo, que foram traduzidos como sonetos para o português como Cobardia:


    Pasó con su madre. ¡Qué rara belleza!
    ¡Qué rubios cabellos de trigo garzul!
    ¡Qué ritmo en el paso! ¡Qué innata realeza
    de porte! ¡Qué formas bajo el fino tul...

    Pasó con su madre. Volvió la cabeza:
    ¡me clavó muy hondo su mirada azul!

    Quedé como en éxtasis... Con febril premura,
    «¡Síguela!», gritaron cuerpo y alma al par.

    ...Pero tuve miedo de amar con locura,
    de abrir mis heridas, que suelen sangrar,
    ¡y no obstante toda mi sed de ternura,
    cerrando los ojos, la dejé pasar!



    Amado Nervo

    (Trad. de Virgílio Brígido Filho em forma de soneto)



    Passou... Que maravilha de beleza!

    Que sobrenaturais olhos azuis!

    Que trigal, seus cabelos! Que esbelteza

    na brancura lirial dos braços nus!



    Passou... Deu-me por óbulo, a pureza

    de um longo olhar, que vir dos céus supus.

    - "Acompanha-a!" Disseram-me, em surpresa,

    o corpo e o coração ébrios de luz!



    Mas tive medo... Medo da loucura

    de abrir feridas que já são renúncias

    de velhas dores prontas a sangrar.



    E esquecendo esta sede de ternura,

    na mais triste renúncia das renúncias,

    fechando os olhos a deixei passar.

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