segunda-feira, 9 de maio de 2011

POESIA


SE VOLTARES

(Rogaciano Leite)*


Como sândalo humilde que perfuma
O ferro do machado que lhe corta,
Eu hei de ter minha alma sempre morta
Mas não me vingarei de coisa alguma.


Se voltares um dia à minha porta,
Tangida pela fome e pela bruma,
Em vez da ingratidão, que desconforta,
Terás um leito sobre um chão de pluma.


E em troca dos desgostos que me deste,
Mais carinho terás do que tiveste,
E os meus beijos serão multiplicados.


Para os que voltam pelo amor vencidos,
A vingança maior dos ofendidos
É saber abraçar os humilhados.


*Rogaciano Bezerra Leite nasceu São José do Egito, sítio Cacimba Nova, atualmente, município de Itapetim-PE, no dia 1º de julho de 1920 e faleceu no Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1969. Foi jornalista e poeta. Conquistou o prêmio Esso de jornalismo. Como poeta, sua publicação mais conhecida é o livro Carne e Alma.

Um comentário:

  1. ''Como sandalo humilde que perfuma o ferro do machado que lhe corta.'' belissimo.

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