Lançamento: 09/09/16, às 20h, no BNB Clube de Canindé, Ceará
HUMOR
NOSSO DE CADA DIA
Pedro
Paulo Paulino
Certa
vez, a companheira do Jota Batista sofreu um acidente provinciano: foi
atropelada na rua por um cavalo em disparada guiado por um cavaleiro bêbado.
À
noite, numa roda de amigos, o Jota nos detalhava o fato, dizendo que a vítima
tivera fratura no braço e resolvera queixar-se na polícia contra o dono do
cavalo.
–
E aí, Jota, o que foi que deu?
E
ele, achando graça:
–
Deu foi borboleta.
Tenho
o privilégio de ser testemunha de um sem-número de tiradas espirituosas do Jota
Batista ao longo desses anos que já nos vão levando para lá dos nossos sonhos.
A irreverência é uma marca tão forte na índole do Jota, que dá a entender que o
seu anjo da guarda é o bom humor constante, incondicional e impreterível. Por
isso o dom do improviso foi-lhe entregue do modo mais generoso, ao par de outras
prendas como o dote para a música, o cordel, o trocadilho e a anedota irresistível.
Assim,
o nome do Jota Batista tornou-se evidentemente uma legenda na cultura de
Canindé, cidade de romaria que por sua vez já ganhou da verve do poeta
compositor cantigas de veneração da melhor nota.
Afora
Canindé, os ecos da voz e do violão do nosso conterrâneo inspirado já se
fizeram ouvir mais além, através dos CDs que ele tem gravado ou aonde quer que ele
chegue de corpo e alma com sua bagagem infalível de histórias divertidas, como
as que fazem o repertório desse livro.
Humorfino
é uma seleção especial de causos e anedotas contados com fidelidade, sendo o próprio
autor muitas vezes o protagonista dos fatos jocosos, a maioria colhida na seara
copiosa da vida real, no dia a dia da cidade, no rebuliço do mundo. Dessa
forma, pode-se abrir o volume em qualquer de suas páginas, que vamos seguramente
dar de cara com o riso.
De
outro campo de batalha, onde o poeta integra as fileiras de combate ao famigerado
mosquito aeges egypti, Jota Batista
nos conta os mais burlescos episódios. E foi nessa atividade também que ele
encontrou inspiração para um de seus cordéis mais aplaudidos: Peleja de dois mosquitos com o machão do
olho só.
Cordelista
com vários títulos publicados, compositor de sucessos, Jota Batista desce momentaneamente
do palco para atender desta vez a um pedido antigo do público: a realização do
seu livro de anedotas. De anedotas e de sonetos
humorísticos. E aqui o temos em mãos. Não é uma publicação robusta, como talvez até esperassem, e o motivo
de sua magreza, segundo o autor me declarou sem pesar algum, é que o livro foi
gestado no auge da seca que impiedosa que devora o sertão – mas que de nenhuma
forma intervém no vigor, graça e substância desse rebento.
Gozador
implacável, o Jota não poupa ninguém na mira de suas tiradas. Nem a si próprio.
Quanto mais a nós, simples admiradores! Portanto, não se admire se, de repente,
até você, caro leitor, deparar consigo mesmo nas páginas deste livro.
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