POETA, CANÇÃO E NATUREZA
Na produção dos cantadores de viola do Nordeste, encontram-se poemas e canções de alto nível, merecedores de reconhecimento nacional. Muitas dessas composições primam por um casamento perfeito de melodia e letra, abordando temas os mais variados. Não é só de romantismo piegas que são feitas as canções de viola dos nossos menestréis. Temos poetas cantadores de elevada inspiração que traduzem pelo estro sentimentos universais, levantam assuntos de alto interesse na atualidade e até mergulham em questionamentos filosóficos.
Um dos temas preferidos de nossos cantadores é a natureza. Há uma infinidade de trabalhos sobre o assunto. O louvor ao sertão e à natureza é a tônica mais notada principalmente nos versos de improviso, como estes do poeta Valdir Teles:
Não precisa de energia,
Lá só basta o sol e a lua;
Ele despido, ela nua;
Um de noite, outro de dia.
Na hora que a tarde esfria,
Deus faz a transformação:
O sol apaga o clarão,
A lua desfila acesa,
Tudo que há de beleza
Deus colocou no sertão.
Porém, quando se trata da legítima canção do violeiro, o tema natureza é sempre de lamento pelo estrago causado pelo homem ao meio ambiente. Uma das letras de canção mais bem feitas, nesse sentido, é do poeta potiguar Sebastião Dias, intitulada “Canção da Floresta” que ganhou versão na voz de Fagner. Reproduzimos aqui esse inspirado poema que já começa falando do inquietante futuro do nosso planeta:
Poeta Sebastião Dias |
Tombam árvores, morrem índios
Queimam matas, ninguém vê
Que o futuro está perdido
Uma sombra e não vai ter
Pensem em Deus, alertem o mundo
Que o futuro está perdido
Uma sombra e não vai ter
Pensem em Deus, alertem o mundo
Pra floresta não morrer
Devastação é um monstro
Que a natureza atropela
Essas manchas de queimadas
Que hoje vemos sobre ela
São feridas que os homens
Fizeram no corpo dela
Que a natureza atropela
Essas manchas de queimadas
Que hoje vemos sobre ela
São feridas que os homens
Fizeram no corpo dela
Use as mãos, mude uma planta
Regue o chão, faça um pomar
Ouça a voz do passarinho
A floresta quer chorar
A natureza está pedindo
Pra ninguém lhe assassinar
Regue o chão, faça um pomar
Ouça a voz do passarinho
A floresta quer chorar
A natureza está pedindo
Pra ninguém lhe assassinar
Quando os cedros vão tombando
Dão até a impressão
Que os estalos são gemidos
Implorando compaixão
As mãos do homem malvado
Desmatou sem precisão
Dão até a impressão
Que os estalos são gemidos
Implorando compaixão
As mãos do homem malvado
Desmatou sem precisão
Mas quando Deus sentir falta
Do pau que já foi cortado
O homem talvez procure
Pôr a culpa no machado
Ai Deus vai perguntar :
Do pau que já foi cortado
O homem talvez procure
Pôr a culpa no machado
Ai Deus vai perguntar :
"E por quem foi amolado?"
Fauna e flora valem mais
Que o valor que o ouro tem
A natureza é selvagem
Mas não ofende ninguém
Ela é a mãe dos seres vivos
Precisa viver também
Que o valor que o ouro tem
A natureza é selvagem
Mas não ofende ninguém
Ela é a mãe dos seres vivos
Precisa viver também
Ouça os índios, limpe os rios
Faça a Deus esse favor
Floresta é palco de ave
Museu de sonho e de flor
Vamos cuidar com carinho
Do que Deus fez com amor
Faça a Deus esse favor
Floresta é palco de ave
Museu de sonho e de flor
Vamos cuidar com carinho
Do que Deus fez com amor
Use as mãos, mude uma planta
Regue o chão, faça um pomar
Ouça a voz do passarinho
A floresta quer chorar
A natureza está pedindo
Pra ninguém lhe assassinar
Regue o chão, faça um pomar
Ouça a voz do passarinho
A floresta quer chorar
A natureza está pedindo
Pra ninguém lhe assassinar
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