LAMBE-BITS
Zé da Mocinha: do lambe-lambe à fotografia digital |
Uma típica cena canindeense pode ser vista aos domingos, em frente à majestosa Basílica de Canindé. No centro, o fotógrafo Zé da Mocinha, quarenta anos de profissão passados, desde as nostálgicas lambe-lambe até as câmeras atuais movidas a bits, com as quais confessa já ter intimidade.
Ele nem imagina, mas é personagem do livro Mundo dos Milagres do suíço Hugo Loetscher, que esteve em Canindé na década de setenta. O primeiro capítulo desse livro, ainda sem tradução disponível em português, focaliza uma negociação em torno do retrato de um “anjo”, como há bem pouco tempo eram chamadas as crianças sertanejas mortas prematuramente pela seca ou outras misérias, e acertos de cena entre os familiares e o caixão da menina Fátima. O livro todo é um diálogo entre o escritor e a menina morta em que entram personagens como Antonio Conselheiro, literatura de cordel e muita crítica social.
Pergunto ao Zé pela aposentadoria, me diz que já procurou, mas questões esotéricas da burocracia ainda entravam esse benefício. Grande figura, sempre sorridente, longe de aparentar os anos já vividos, conforme o perfil já tecido pelo escritor Augusto César Magalhães Pinto em seu livro Histórias de Nossa Terra e de Nossa Gente.
O que falta acrescentar é que o fotógrafo também é músico, o som de seu trombone de válvulas pode ser ouvido nos dias de carnaval, em alguma praça, mas raramente, hoje em dia, pelas tardes do Alto Guaramiranga.
Zé da Mocinha é um personagem folclórico. No carnaval costumava sair de casa munido de um trombone animando os foliões. Certa feita, voltando de um porre trouxe consigo uma cabeça de porco, a qual foi apresentada de imediato à sua esposa. A mulher, com cara de desdém comentou:
ResponderExcluir- O que é que eu faço com isto?
- Faça bife!
Foi a resposta do Zé da Mocinha.
kkkkkkkkkk Excelente, Cancão de Fogo, o folcore local carece de mais um volume do seu Baú da Gaiatice, ou seria Mala da Cobra?
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