O ADEUS DO POETA
Wanderley Pereira em Vila Campos, 2006 |
Faleceu na
madrugada de hoje, aos 71 anos, em Fortaleza, o poeta e jornalista Wanderley
Pereira. Há mais de ano, Wanderley lutava contra um sarcoma no coração que
resultou em transplante cardíaco. Durante toda a batalha contra a doença, o
poeta viu-se cercado de amigos, familiares e admiradores numa grande corrente
de fé que se difundiu também nas redes sociais da internet. Kardecista,
Wanderley notabilizou-se como palestrante nos centros espíritas principalmente
de Fortaleza.
Nascido em
Senador Pompeu, Wanderley Pereira, desde os anos 60 tinha vínculos com Canindé,
casando em tradicional família com raízes em Vila Campos, aonde o poeta
gostava de vir passar finais de semana em sua chácara. De seu livro O telefone de Deus, extraímos os seguintes
dados biográficos:
“Jornalista
profissional desde 1964, Wanderley Pereira foi repórter nos jornais cearenses O Povo, Gazeta de Notícias e Tribuna do Ceará. Antes, trabalhou como
revisor do jornal católico O Nordeste,
também no Ceará. Atuou ainda no rádio e televisão, como superintendente da TVE,
depois TVC, e diretor de jornalismo da TV Jangadeiro.
Esteve no Rio
de Janeiro, onde trabalhou no O Jornal,
na época órgão líder dos Diários Associados. Participou da nova fase da
história da imprensa piauiense, como editor e diretor do jornal O Dia, de Teresina. Daí saiu para
Brasília, a convite do Jornal do Brasil,
do Rio. foi repórter político encarregado da cobertura junto ao Congresso
Nacional, depois junto à Presidência da República. Do Jornal do Brasil transferiu-se para a revista Veja, de São Paulo, da qual foi repórter e, depois, correspondente
no Ceará, cobrindo também o Maranhão e Piauí. Atuou ainda na Veja Regional e colaborou para outras
revistas da Editora Abril. Como folclorista e pesquisador, é autor dos livros Quadra, quadrado, quadrão, editado em
Brasília pela ‘Coleção Machado de Assis’, do Senado Federal, De repente Cantoria, Gênios da Cantoria
e Cantigas que vêm da terra, estes
três últimos em parceria com Geraldo Amancio.”
Wanderley
Pereira foi também porta-voz do primeiro governo de Tasso Jereissati, e
atualmente trabalhava como diretor de opinião do Sistema Jangadeiro de
Comunicação. Como sonetista, Wanderley publicou o livro O telefone de Deus. Como jornalista, deixa inédito o livro Repórter em ação, em que conta sua
trajetória na imprensa brasileira e aborda a fronteira entre o jornalismo do
período ditatorial e a imprensa de vanguarda.
Autor de
centenas de sonetos, a maioria ainda inédita, o poeta Wanderley Pereira tem uma
obra literária marcada pela temática social, ecológica e espiritualista. A exemplo
dos parnasianos, primou pela métrica e rima apuradas, habilidoso tanto no metro
decassilábico quanto no alexandrino. Dentre seus sonetos inéditos,
transcrevemos este, elaborado bem ao sabor de suas convicções:
ÚLTIMO PEDIDO
Wanderley Pereira
Quando eu morreu, não julguem-me finado,
Porque não foi meu fim, mas o começo
Da minha nova vida, em endereço,
Ao qual fui pela morte transportado.
Na terra deixo o corpo sepultado,
Mas como alma imortal jamais pereço,
Por isso, irei morar onde mereço,
Para colher do fruto cultivado!
Não tenham-me por justo nem por santo,
Porque, sendo alma humana, sou portanto
Alguém que longe está da perfeição.
Rezem por mim, para que Deus conceda
A mim, coitado, uma alma rude e azeda,
A bênção de uma nova encarnação.
Fortaleza, 24/5/7
Linda poesia...nao o conheci,mas acompanhei sua batalha .Que Deus lhe reserve um bom lugar! meu abraço aos familiares com a certeza que a dor deste momento, ja ja sera tranformada em uma grande e doce nostalgia.
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