MOREIRA DA SILVA – 111 ANOS
No dia 1º de abril de
1902, nascia o cantor e compositor MOREIRA DA SILVA (Antônio Moreira da Silva),
coroado como o Rei do Samba de Breque. Carioca e filho de pai músico
(trombonista da Polícia Militar) que morreu quando ele tinha 11 anos, teve que
abandonar a escola para trabalhar muito cedo. Foi empregado de fábricas,
tecelagens e chofer de praça e de ambulância, ao mesmo tempo em que frequentava
rodas de malandros e boêmia. A estreia como cantor foi em 1931, quando gravou
dois pontos de macumba (“Ererê” e “Rei da umbanda”) na Odeon. A partir daí
entrou no meio do rádio, fez amizades e prosseguiu gravando outros discos e
trabalhando em cassinos e rádios. Um grande sucesso veio em 1935, com “Implorar”
(Kid Pepe, Germano Augusto e J. da Silva Gaspar). Em 1936 estreou no rádio, no
Programa Casé, da antiga Rádio Philips onde cantava, em geral, músicas do
repertório de Francisco Alves. Notabilizou-se pelos sambas de breque que compôs
e interpretou, tornando-se o maior nome nesse gênero musical. Ao que consta,
sua primeira intervenção improvisada num intervalo de samba (um breque) foi em
1937, no samba “Jogo proibido” (T. Silva, David Silva e R. Cunha). Outros
grandes sucessos que fez com seus breques criativos e impagáveis foram “Acertei
no milhar” (Wilson Batista e Geraldo Pereira), “Amigo urso” (Henrique
Gonçalves), “Fui a Paris” (com Roberto Cunha). Participou do filme “Maria 38”
com a música “Na subida do morro”. Com a fama de malandro, passou a interpretar
um personagens nos enredos de seus sambas de breque, o Kid Morengueira,
presente no enorme sucesso “O Rei do Gatilho” (Miguel Gustavo), que originou
uma série de sambas do mesmo autor que ele gravou dentro do tema
cinematográfico. Lançou vários discos ao longo de sua carreira, foi enredo da
escola de samba Unidos de Manguinhos em 1992, e em 1996 virou tema de livro com
o lançamento de “Moreira da Silva - O Último dos Malandros”, de Alexandre
Augusto. Moreira da Silva morreu no dia seis de junho de 2000, aos 98 anos.
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CRÍTICA
Antônio
Moreira da Silva criou essa coisa extraordinária que foi o comentário falado,
nascido imediatamente depois da célebre paradinha, o breque, no desenvolvimento
da melodia. Repararam que só o Moreira conseguia que o discurso tivesse a
conveniência da musicalidade? Há onze anos atrás dirigi um show no João Caetano
em seu benefício – numa dessas aperturas de grana tão comuns aos sambistas
cariocas. Pelo meu roteiro, Moreira encerraria a noite e devia falar em rápidas
palavras sobre o time de artistas que se solidarizaram. Mas logo disparou: “-
Negativo, meu negócio não é blablablá! Eu vou é agradecer dentro dos meus
breques”.
Bem
dito e melhor feito. Ele sapecou apenas a frase inicial do “Acertei no Milhar”
(Geraldo Pereira e Wilson Baptista) e produziu um breque maravilhoso, dizendo,
de improviso, que acertou no milhar, com as presenças dos artistas que lá
estavam e do público que pingava com dinheirinho cada entrada.
Moreira
da Silva foi genial no improviso, na graça carioca da “persona” que ele
incorporou, o malandro do Rio – logo ele, um cidadão exemplar, honesto e
honrado, cuja alma era lírica e seresteira como a de um passarinho. A tal ponto
que a última vez que o vi, já no leito de morte, ele me tomou a mão e,
aflitíssimo, pediu que o ajudasse a levantar fundos para quitar as despesas da
clínica particular onde estava internado. Aliás, graças a Emilinha Borba, ele
se internaria logo depois no Hospital dos Servidores, a custo zero. O que fez
cessar a sua ansiedade de homem probo, o único malandro do mundo que não
admitia calote. (Ricardo Cravo Albin) http://www.dicionariompb.com.br/ricardo-cravo-albin/biografia
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