OCORRÊNCIAS DE
UM SÁBADO COMUM
Francisco de Assis de Freitas*
Costumo dizer para os meus amigos e familiares que não me agrada muito
o trabalho aos sábados, na verdade, em noites de sábado. Não que eu seja um
notívago inveterado, um boêmio de carteirinha que torce que a sexta-feira se
finde e o sábado surja trazendo consigo a esperança de uma noite de prazeres
indescritíveis, sentar em mesas de bar, ouvir um forró da banda do momento ou apenas
sair e divertir-se, deixando para trás a estafante sexta-feira e acordar
domingo ao meio dia com olheiras, dor de cabeça e tomando água como se fosse um
néctar dos deuses que ameniza a sede saariana que teima em não ir embora. Nada
disso. Na verdade, quem me conhece sabe que sou exatamente o contrário.
Costumo sair em raríssimas exceções, bebo moderadamente em ocasiões especiais e sempre o faço acompanhado da família, além de ser um passarinho urbano, ou seja, gosto de acordar cedo, e minha maior diversão, além de ficar lendo um bom livro ou assistir a um filme, é ficar em companhia de minha família. Acontece que policiais são profissionais, tais como médicos, bombeiros, enfermeiros, garçons e outros inúmeros, que trabalham mais justamente quando a maioria de nossa população está saindo em busca de lazer. E é nas noites de sexta-feira e sábado que as pessoas que passam a semana trabalhando ou estudando costumam sair para descontrair-se, quebrar a rotina de seus tediosos e cansativos dias, buscam novas amizades, quem sabe um novo amor ou apenas uma aventura passageira; ou mesmo apenas encontrar velhos amigos, botar o papo em dia e tomar um chopp gelado ouvindo uma boa música. Infelizmente, no meio dos que buscam diversão, sempre existe alguém mais exaltado, que abusa do chopp, da cerveja ou da velha e tradicional cachaça, chegando a misturá-los com outros entorpecentes, ilícitos em alguns casos, e então saem dos trilhos, botam o conhecido boneco e chega então uma chamada no número 190, emergência em todo o Brasil, solicitando a presença de uma viatura policial para que nosso bravo heroi tenha suas ações contidas. Chega então a viatura policial ao local da ocorrência, geralmente um bar ou residência do aflito cidadão que solicitou a presença do braço armado do Estado, e observa um filho ou pai de família transformado pelos efeitos do abuso do álcool, irritado, desafiando os vizinhos para a briga e às vezes quebrando objetos comprados com o suor de seu rosto. Logo de início, acha-se constrangido por ter sido chamada a polícia para a sua pessoa e diz alto e bom som que não é nenhum vagabundo e que vocês policiais deveriam ir atrás de ladrões e traficantes. Em razão da natureza do delito ser classificada como crime de menor potencial ofensivo, do fato dos familiares não quererem representar contra o parente, apenas são informados que a condução de pessoas embriagadas para delegacias sem o devido procedimento instaurado, apenas para passar o efeito da bebida, é uma prática jurássica, que além de ilegal, há muito deixou de ser feita, sendo orientados a conversar com seu familiar quando sóbrio e procurarem ajuda especializada.
Costumo sair em raríssimas exceções, bebo moderadamente em ocasiões especiais e sempre o faço acompanhado da família, além de ser um passarinho urbano, ou seja, gosto de acordar cedo, e minha maior diversão, além de ficar lendo um bom livro ou assistir a um filme, é ficar em companhia de minha família. Acontece que policiais são profissionais, tais como médicos, bombeiros, enfermeiros, garçons e outros inúmeros, que trabalham mais justamente quando a maioria de nossa população está saindo em busca de lazer. E é nas noites de sexta-feira e sábado que as pessoas que passam a semana trabalhando ou estudando costumam sair para descontrair-se, quebrar a rotina de seus tediosos e cansativos dias, buscam novas amizades, quem sabe um novo amor ou apenas uma aventura passageira; ou mesmo apenas encontrar velhos amigos, botar o papo em dia e tomar um chopp gelado ouvindo uma boa música. Infelizmente, no meio dos que buscam diversão, sempre existe alguém mais exaltado, que abusa do chopp, da cerveja ou da velha e tradicional cachaça, chegando a misturá-los com outros entorpecentes, ilícitos em alguns casos, e então saem dos trilhos, botam o conhecido boneco e chega então uma chamada no número 190, emergência em todo o Brasil, solicitando a presença de uma viatura policial para que nosso bravo heroi tenha suas ações contidas. Chega então a viatura policial ao local da ocorrência, geralmente um bar ou residência do aflito cidadão que solicitou a presença do braço armado do Estado, e observa um filho ou pai de família transformado pelos efeitos do abuso do álcool, irritado, desafiando os vizinhos para a briga e às vezes quebrando objetos comprados com o suor de seu rosto. Logo de início, acha-se constrangido por ter sido chamada a polícia para a sua pessoa e diz alto e bom som que não é nenhum vagabundo e que vocês policiais deveriam ir atrás de ladrões e traficantes. Em razão da natureza do delito ser classificada como crime de menor potencial ofensivo, do fato dos familiares não quererem representar contra o parente, apenas são informados que a condução de pessoas embriagadas para delegacias sem o devido procedimento instaurado, apenas para passar o efeito da bebida, é uma prática jurássica, que além de ilegal, há muito deixou de ser feita, sendo orientados a conversar com seu familiar quando sóbrio e procurarem ajuda especializada.
Este tipo de ocorrência, classificada como embriaguez e
desordem, é corriqueira e não é exclusiva das noites de sábado, apenas nesse
dia é mais comum e nem de longe é motivo para que eu, como muitos outros
colegas não morra de amores pelo trabalho nessas noites. Além destas, existem
outras de grande incidência. É quando pessoas sem muito bom senso ou mesmo
educação teimam em colocar músicas de sua preferência em elevado volume, como
se todo o universo fosse obrigado a ouvir os decibéis e refrões de sua banda
preferida, e estes cidadãos, pais de família, servidores públicos municipais,
estaduais ou federais, estudante universitário, enfim, pessoas de todas as
classes sociais, além de cometer o crime ambiental de poluição sonora, a
contravenção de perturbação do sossego alheio, também cometerão o crime de
dirigir sob o efeito de álcool, uma vez que quando utilizam seu aparelho de som
no veículo, o fazem consumindo bebida alcoólica; e não é agradável ao policial chegar
a uma churrascaria, bar ou residência, chamar o proprietário do veículo e pedir
que este tenha bom senso, utilize pelo menos em volume civilizado, que vizinhos
ligaram, podendo haver na vizinhança pessoas com idade avançada ou enfermas e
que ele está incomodando, onde na maioria das vezes o policial é bem atendido.
Ocorre que em algumas situações, o dono do veículo, valendo-se dos recursos que
a tecnologia permite, tem em mãos o controle remoto do som, vendo a viatura
aproximar-se, ele baixa o volume e, ao ver sair a viatura, volta a aumentar o
volume. Instantes depois, a vítima do cidadão pagador de impostos e conhecedor
dos seus direitos, mas com um seríssimo caso de amnésia relativa aos seus
deveres e obrigações, liga para o 190 e reclama da má prestação de serviço,
onde novamente a viatura é acionada,gastando peças e combustível, dinheiro dos
contribuintes, além do tempo e da paciência do profissional que atenderá a
ocorrência, volta ao local, estabelece novo diálogo e desta feita consegue seu
intento.
É fato que em certas ocasiões, por se achar na calçada de sua residência
e por ter certo poder aquisitivo, alguém se vê no direito de questionar o
direito seu de abusar do uso do som e ainda manda os policiais irem atrás de bandidos,
que ali só tem cidadãos, e não são bem-vindos, como já ocorreu aqui em Canindé
com policiais do Ronda, sendo o episódio, felizmente, contornado com o extremo
profissionalismo e bom senso dos policiais que atenderam a ocorrência. Neste
sábado, 26 de janeiro de 2013, mais uma vez entro de serviço com outros
profissionais e logo uma ocorrência de roubo de moto no loteamento Monte Líbano
é solucionado, sendo que o veículo fora utilizado num assalto e abandonado
depois no Centro de Canindé; ao entardecer, graças às denuncias de populares o
acusado foi detido e entregue aos cuidados da Polícia Civil, para investigações.
Ainda de tarde, mais uma denúncia levou policiais do Ronda e do FTA a uma residência
no bairro Palestina, onde foram presos três homens e apreendida uma menor de
idade em uma residência, onde foram localizadas em seu interior drogas e uma
arma de fogo. Na madrugada, já quase amanhecendo, a viatura RD 1215, com três
policiais, aborda um homem e com o mesmo é apreendida uma arma de fogo com
numeração raspada, sendo que este responde por tráfico de entorpecentes e está
ausente de comparecer ao regime semi-aberto da cadeia pública. Três ocorrências
que movimentam as manchetes policiais e inflam o ego dos que conseguem bem
cumprir seu papel em mais uma noite de sábado. Amanhece; é hora de ir pra casa,
descansar um pouco e antes da hora do almoço, ligo a televisão para ver o esporte
e uma notícia em vários canais chama a atenção do mundo: uma tragédia em Santa
Maria, Rio Grande do Sul, faz mais de 230 vítimas em uma casa noturna, em sua
grande maioria jovens universitários que nos fazem pensar que as noites de
sábado, alegres e com diversões para todos os gostos, também são o palco de
tragédias onde os atores estavam apenas começando a encenar o maravilhoso teatro
da vida.
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* Policial militar, colaborador do blog.
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