sábado, 24 de novembro de 2012

CORDEL NOTÍCIA


INCÊNDIO DESTROI A PRAÇA
PRINCIPAL DE CANINDÉ


 Pedro Paulo Paulino

A maldição de Bin Laden
Ou de Nero imperador
Caiu sobre Canindé
Numa noite de terror,
E desta vez o sinistro
Achou de fazer registro
Nas barbas do Protetor.

Bem pertinho da Basílica
De São Francisco, se deu
Um fato que nesta terra
Antes nunca aconteceu.
Na grande fatalidade,
Muita gente na cidade,
Tudo o que tinha perdeu.

A 18 de novembro,
Um domingo corriqueiro
Do ano 2012,
Nesta terra de romeiro,
Quando a noite começava
Em plena praça se dava
Um desastre traiçoeiro.

Na Praça Tomaz Barbosa
No centro comercial,
Onde dezenas de vendas
Ocupavam o local,
Aconteceu de repente,
Por crime ou por acidente,
Incêndio descomunal.

Até que se explique o caso,
Ninguém sabe, ninguém viu
De qual recanto da praça
O fogo imenso surgiu,
O certo é que a labareda
Como serpente em vereda
Ferozmente progrediu.

Logo as chamas se espalharam
Pelos becos numerosos,
Tomando conta das vendas
Dos camelôs desditosos
Donos de pontos repletos
De pequenos objetos,
Produtos religiosos.

Ligeiro, o fogo engolia
Todo aquele logradouro.
Pequenos comerciantes
Trabalhavam feito mouro,
Na tentativa sem par
De nesse inferno salvar
O seu pequeno tesouro.

A população, em peso,
Com essa fatalidade
Acorreu para o local,
Mostrou solidariedade.
Porém, ninguém aplacava
O fogo que incendiava
O coração da cidade.

Era um cenário dantesco,
Lembrando a literatura:
Por onde o fogo passava
Só restava a cinza pura.
Daquelas pequenas tendas,
Não ficava, dessas vendas,
Nem a sombra da estrutura.

E foi assim destruindo,
De cada comerciante,
Sua barraca, seu box,
Devorando num instante
O produto de uma vida...
Repito: a cena era tida
Como um Inferno de Dante.

A notícia se espalhou
Ligeiro igual uma chama.
As emissoras de rádio
Suspendiam seu programa
Pra dizer que nesse dia
Nosso Canindé vivia
O mais pavoroso drama.

O cenário parecia
Canudos do Conselheiro,
O velho arraial da guerra
No momento derradeiro,
Pois o fogo e a fumaça
Transformavam nossa praça
Num terrível pardieiro.

Carros-pipa, baldes dágua
Já chegavam no local.
O fato mobilizou
Quase todo o pessoal.
De Canindé, nesse dia
O cenário parecia
Duma guerra mundial.

Qual uma explosão atômica,
O desastre transformou
O Centro de Canindé
Que preto e branco ficou.
A Praça Tomaz Barbosa
Tornou-se praça escabrosa
Por onde o fogo passou.

Enquanto isso, pessoas
Humildes e populares
Choravam perdas sem volta
Ali por todos lugares,
A sangue frio assistindo
O incêndio consumindo
O sustento dos seus lares.

Camelôs, pais de família,
Da luta do dia a dia,
Vendo transformar-se em cinza
Toda a sua economia,
No meio do acidente
Não podiam, evidente,
Esconder sua agonia.

No dia seguinte, a cena
Era de desolação:
A fumaça, o pó, a cinza
Davam quase a sensação,
Depois desse acontecido,
Que Canindé tinha sido
Vítima duma explosão.

Hiroxima ou Nagasáqui,
Lembrava o triste cenário.
O prejuízo estampado
Em cada rosto era vário.
Se foi ato desumano,
Quem terá sido o tirano
Criminoso incendiário?

Porém, tudo leva a crer
Que foi mesmo acidental.
O fato repercutiu
Na TV, rádio e jornal.
A internet espalhou
O fato que se tornou
O mais sinistro e brutal.

A cidade, que já vive
Cheia de lixo e sujeira,
Sem prefeito, abandonada,
Sem encontrar quem a queira
Governar de forma séria,
Parece que da miséria
Já se tornou a fronteira.

Ao longo de sua história
Canindé nunca viveu
Momento tão infeliz
Como agora aconteceu!
Será sina do prefeito
Atual, que não tem jeito
Desde quando se elegeu?

Esse sujeito atraiu
Todo tipo de desgraça.
No seu governo maldito
Só faltava mesmo a praça
Principal desta cidade
Transformar-se de verdade
Em cinza, pó e fumaça.

No ano 2009
Quando assumiu o poder,
Como mau imperador,
Sem cumprir com seu dever,
Deixou a cidade à toa...
E agora, Cláudio Pessoa
O que falta acontecer?!

No seu governo, arrombou
O açude da Esperança.
Sem escola, em Canindé
Sobra menino e criança.
Agora, finda com fogo
Um governo demagogo,
Sem moral, sem confiança.

Que castigo, Canindé
Dessa forma então merece,
Cidade santa do santo
Que todo mundo conhece?
Não é só fogo na praça,
Toda sorte de desgraça
Nesta cidade acontece.

Que São Francisco das Chagas
Proteja seu Canindé.
Não faz sentido uma terra,
Conhecida pela fé,
Viver de calamidade,
Sem encontrar de verdade
Quem a coloque de pé.

Tem mosca, sujeira e lixo
Espalhado em todo canto.
Meu Canindé tão querido,
Sofrer, não merece tanto...
Tem lixo por todo lado,
Já tem lixo acumulado
Lá nos próprios pés do santo.

O fogo que devastou
O coração da cidade
Tem a causa na total
Irresponsabilidade,
Com certeza, do sujeito
Que foi eleito prefeito
Pra governar a cidade.

Dum momento para outro
Foi mesmo de fazer dó:
Mais de cem pais de família
Viram tudo virar pó!
Naquele fatal instante
Foi raro o comerciante
Que teve a sorte de Ló*.

..................

*Personagem bíblico - Gên, 19.

6 comentários:

  1. Nesse domingo fatídico
    Canindé sofreu um baque
    A fumaça ganhou céu
    dos fogos se ouvia o traque
    nas bancas em combustão
    perderam seu ganha-pão
    ali também pelo saque...

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    Respostas
    1. É verdade, nessas horas,
      Aparece muito "artista",
      Falta gente solidária,
      Sobra gente oportunista.
      Minha preocupação
      Era nessa ocasião
      Com a banca de revista.

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    2. Esse vaporoso incêndio
      forçou-me a descer meu Alto
      Guaramiranga pra ver
      Como se dava esse assalto
      DO FOGO traiçoeiro
      na banca do jornaleiro
      também causou sobressalto

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    3. A tua preocupação
      com esse fogo daninho
      talvez fossem os jornais
      ou as revistas de vinho,
      a Superinteressante?
      Preocupava-te no instante
      aquela do coelhinho...

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  2. Admiravel PPP, ficou tao perfeito que parece ate que foi escrito antes de acontecer.Grande...

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