AUGUSTO CALHEIROS: 121 ANOS
Hoje é o aniversário do cantor e compositor Augusto Calheiros, nascido no dia 5 de junho de 1891, em Murici, interior do Estado de Alagoas, apelidado de "A Patativa do Norte", pela sua voz afinadíssima e estilo peculiar de cantar, que o tornariam um dos cantores mais originais do seu tempo. Ainda jovem foi para Recife, Pernambuco, onde conheceu Luperce Miranda, tendo sido convidado a participar, como cantor, do grupo formado pelos irmãos Luperce (bandolim), João (bandolim) e Romualdo Miranda (violão), e mais os violonistas Manuel de Lima (que era cego) e João Frazão (Periquito). Por sugestão do historiador Mário Melo, o grupo passou a chamar-se Turunas da Mauricéia, em uma alusão ao governador holandês do século XVII, Maurício de Nassau. Sem Miranda, os Turunas desembarcaram no Rio de Janeiro (1927), com suas roupas sertanejas e chapéus de aba larga. Estrearam com muito sucesso no Teatro Lírico, em espetáculo patrocinado pelo jornal Correio da Manhã, cantando emboladas, cocos e outros ritmos ainda desconhecidos dos cariocas, apresentando-se depois, em várias ocasiões, na Rádio Clube. Como solista gravou canções sertanejas na Casa Edison, obtendo grande sucesso com os Turunas, no Carnaval do ano seguinte (1928), com a embolada Pinião, de autoria de Luperce Miranda, que não participou dessa gravação. No ano seguinte o grupo se desfez e o cantor passou a atuar individualmente, quando gravou na Odeon Saudades do Rio Grande, de Levino da Conceição e Nelson Paixão. Na Victor gravou (1933) Alma tupi e Céu do Brasil, lançando em seguida diversos discos, como Revendo o passado (1933), e um de seus maiores êxitos, Chuà, Chuà, de Pedro de Sá Pereira e Ari Pavão. Foi contratado pela Victor (1945), gravando vários sucessos, como os sambas Senhor da floresta (1945) e Garoto da rua (1947), e as valsas Fatal desilusão (1947) e Dúvida (1946), esta de Luis Gonzaga e Domingos Ramos, além das músicas de sua autoria Célia (1945) e Bela (1945). No auge da popularidade, atuou ao lado de Durvalina Duarte, Jararaca, Ratinho e outros, na Casa de Caboclo, famosa companhia de espetáculos da Praça Tiradentes. Compôs Adeus Pilar e Pisa no chão devagar (1950), ano em que saiu da RCA Victor e passou para a Todamérica, onde gravou seu último sucesso, Grande mágoa (1952), de José Luiz e José Rezende, além de Meu dilema e Audiência divina (1954). Entre seus grandes êxitos estão também Ave Maria (1939), Caboclo vingador (1945), Prelúdios de sonatas (1946), Vida de caboclo (1946), Meu ranchinho (1946) e Serenata matuta (1952). Morreu na cidade do Rio de Janeiro, aos 64 anos, e foi enterrado em Garanhuns, interior do Estado de Pernambuco.
Sempre ouço esse cantor de voz original no programa do Tonico Marreiro. Quase sempre minhas referências são literárias, quero dizer que algumas canções dele me evocam o Indianismo de José de Alencar (Iracema, O Guarani) demonstrando como essa tendência ressurgiu na mpb, depois de presente nos romances alencarinos e na poesia de Gonçalves Dias.
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