terça-feira, 15 de maio de 2012


O radialista Tonico Marreiro moveu em 2011 uma intensa campanha contra a retirada das luzes que enfeitavam o exterior da basílica de S. Francisco, em Canindé. Ele lançou, inclusive, uma revista chamando a atenção para o caso, alertando que a basílica iluminada, durante muito tempo, tornou-se um cartão-postal da cidade, cujo santuário franciscano é visitado por milhares de fiéis. Seu protesto ganhou mais fôlego no 7 de Setembro, quando Tonico desfilou exibindo uma faixa com dizeres que pediam de volta as luzes decorativas da basílica. Tonico retoma agora o tema no rádio e na mídia eletrônica, com um artigo de sua autoria, no qual ele questiona o tombamento da basílica de S. Francisco como patrimônio histórico do Estado do Ceará e comenta o desrespeito de alguns vigários com os ícones da fé e da nossa cultura.

TOMBANDO O TOMBADO


Tonico Marreiro

Aplausos de todos canindeenses e daqueles que adotaram o Canindé nos seus corações, para a feliz iniciativa do atual Secretário de Desenvolvimento e Turismo da Prefeitura Municipal desta cidade, Plínio Gomes, que, objetivando obstinadamente defender o patrimônio cultural histórico da “Terra de São Francisco”, contra a sanha dos vândalos de “mente miúda”, que se revezam na criminosa destruição dos prédios marcos da nossa história, logo que assumiu aquela pasta, arregaçou as mangas e fez jus ao cargo que passou a ocupar. E começou pelo ícone maior do Canindé, no caso, a nossa suntuosa Basílica. 
Conforme documentos que tenho em minhas mãos, o Secretário Plínio Gomes desde Abril de 2009 vem gestionando junto a Secretaria de Cultura do Estado buscando preservar para a história cultural religiosa e turística da nossa terra, o que ainda sobrava da grande obra tocada pelo saudoso benfeitor do Canindé, Frei Matias de Ponterânica, cujo Capuchinho Franciscano, com parcos recursos, entre os anos de 1910 e 1915, conseguiu transformar a então matriz na mais bela e suntuosa Basílica da América do Sul.
Dia 4 de Maio ultimo, encontrei o Plínio Gomes feliz, com ar de vitorioso, ao me comunicar a vitória da sua árdua batalha: 
- Tonico, o Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura, decretou o tombamento da Basílica de São Francisco de Canindé! 
E eu quebrei-lhe o encanto quando lhe respondi com duas perguntas: 
- Tombamento da Basílica de São Francisco? Mas... Ela já não foi “tombada”? 
O dinâmico secretário Plínio Gomes perdeu o sorriso. Ficou sério. Como se fosse se deixar fotografar para adquirir sua carteira de identidade. Seu RG.
Daí, eu fui adiante com o meu ponto de vista, expondo para o jovem Secretário, que, a nossa suntuosa Basílica há muito vinha sendo mutilada nas suas feições arquitetônicas góticas, notadamente no que se refere ao seu interior. Exceto as pinturas sacras no teto, obra de muita arte do pintor alemão Jorge Kau, nada mais ali lembra a grande obra projetada pelo exímio arquiteto Italiano Antonio Mazzini e supervisionada pelo grande canindeense Thomaz Barbosa Cordeiro e seu Mestre de Obras Luiz Fabiano. 
Infelizmente, alguns vigários franciscanos menores, (alguns menores na mente) desfiguraram a majestosa basílica. Frei Matias de Ponterânica era de baixa estatura física, porém, de inteligência brilhantemente incrível. Conforme anotou para a posteridade o saudoso escritor canindeense Hélio Pinto, da Basílica construída por Frei Matias, foram retiradas: a mesa da comunhão em fino mármore, a pia batismal em forma de concha, confeccionada em mármore italiano e as “banquetas” dos altares laterais. Do meu conhecimento, o maior acinte contra a história cultural religiosa em Canindé foi cometido agora pelo atual Vigário, Frei João Hamilton ao arrancar bruscamente da fachada da Basílica as LUZINHAS que ornamentavam o seu estilo gótico no período dos festejos em louvor ao nosso Glorioso Padroeiro, ali colocadas em 1926. Coisa de quem tem a mente miúda e se deixa “assessorar” por bajuladores de plantão. 
Resta-nos daqui agradecer ao Governador Cid Gomes e louvar a luta do grande secretário do Desenvolvimento e Turismo da Prefeitura de Canindé, Plínio Gomes pelo tombamento da nossa basílica, que seria um grande patrimônio histórico. No entanto, não existe mais nada para ser tombado em Canindé. Lamentável aqui registrar, que, todos os prédios históricos da nossa cidade já foram “tombados” por truculentas alavancas e picaretas, que se tornam grosseiros instrumentos quando a serviço de homens de “mentes miúdas”. Li, o livro “História de São Francisco”, onde, em determinado tópico, refere-se à ida dele a uma determinada cidade para participar de um torneio de cavaleiros, quando no caminho ouviu a voz de Cristo: 
- Francisco! Francisco! Volta e reconstrói a minha Igreja! 
Bom seria agora que São Francisco, imitando o Senhor Jesus, ordenasse o imaculado Frei Matias de Ponterânica, que também se encontra céu, assim: 
- Frei Matias! Frei Matias! Volte ao Canindé e restaure a minha Basílica, e, aproveitando a viagem, dê uns puxões de orelhas em alguns vândalos que vestem o meu hábito!


Via Site KANINDÉ CULTURAL: http://kanindecultural.jimdo.com/

Um comentário:

  1. "Asturdia", em viagem profissional, chegando pela boca da noite em Sta. Quitéria, município vizínho, avistei com nostalgia a matriz daquela cidade com os lumes dos quais reclama nosso dileto amigo, grande radialista-poeta. Com certeza, trata-se de uma emulação da famosa basílica canindeense. Só que lá eles conservaram a tradição. Aliás soube que Caridade também conserva.

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