sábado, 7 de abril de 2012


O TESTAMENTO DO JUDAS
PRA TURMA DO FACEBOOK

Pedro Paulo Paulino


Eu sou um Judas moderno
Que em toda mídia se mete:
No Orkut e Facebook
Eu vivi pintando o sete.
Pois aproveito o momento
Pra deixar meu testamento,
Agora, via internet.

Se traí ou não traí,
Não vamos polemizar.
O certo é que um testamento,
Registrado, vou deixar.
Vai ter fim a minha vida
E, sem conversa comprida,
Vamos logo começar:

Para o Altay Pereira,
Gente boa e muito rara,
Mas namora todo dia
E de namorar não pára,
Eu vou deixar gasolina,
Pra ele ir ver a menina,
De noite, na Caiçara.

Para um famoso poeta –
Aderaldo Luciano
Cordelista de primeira,
Isso eu provo e não me engano,
A passagem vou deixar
Para ele visitar
O Nordeste todo ano.

Para Aldacira Araúja,
Pessoa muito estimada,
Eu vou deixar como herança
A minha unha amolada,
E deixo com alegria,
Para ela todo dia
Dá no povo cutucada.

Ao amigo Ari Bezerra,
Que tem muita simpatia,
Anfitrião de primeira
E cheio de cortesia,
Da Marinha é capitão,
Eu deixo, na ocasião,
Meu sítio na Baixa Fria.

Arievaldo Viana,
Se seu livro concluísse,
Herdaria deste Judas
Um prêmio sem gabolice:
Um meio para lançar,
Antes do mundo acabar,
Seu “Baú da Gaiatice”.

Para o Cesar Magalhães,
Um cidadão resoluto,
E que igualmente a vocês
Vai prantear o meu luto,
Eu vou deixar, com prazer,
Muito livro para ler,
E uma caixa de charuto.

Carlos Alberto Martins,
Amigo desde menino,
Vai ganhar minha cadeira
De material bem fino,
Para ele compensar
A que resolveu quebrar,
Do Pedro Paulo Paulino.

Pro “cumpade” Djacir,
Com toda sua fineza,
Um cabra bom e amigo
E cheio de gentileza,
Quando faltar luz do sol
Vou-lhe deixar um farol
Para botar na “Duquesa”.

Ao Elismar Nascimento,
Conhecido por Grandão,
Que já fez vários concursos
Para entrar no Batalhão
Da Polícia em Canindé,
Eu vou deixar meu boné,
Bota, farda e cinturão.

Para o meu amigo Kid,
Grande amigo e bom Marreiro,
Colega antigo de copo,
Pois também é biriteiro,
A Kodak vou deixar
Pra ele fotografar
Lá no Rio de Janeiro.

Para o Kennedy Marreiro,
Gente boa, com certeza,
Porém, como torcedor
Amarga muita tristeza,
O meu lenço eu já garanto,
Pra ele enxugar o pranto,
Com pena do Fortaleza.

Para o amigo Léo Miguel,
Deixo o meu par de sapato,
Também deixo o paletó,
Com todo seu aparato,
Que é para meu camarada
Ter bastante namorada
Lá na Lagoa do Mato.

Ao amigo Marcos Freitas,
Vou deixar de coração,
A melodia e a letra
Da mais bonita canção,
Para o meu amigo ouvir
Bebendo muito e sentir
Saudades de uma paixão.

Pra Mari Morais Carvalho,
Que é gente muito legal,
Mas hoje mora distante
Deste seu torrão natal,
Eu vou deixar, sem querela,
Um passaporte pra ela
Retornar de Portugal.

Deixo pro Paulo Sampaio,
Grande amigo e camarada,
O meu velho microfone
E minha voz afinada,
Para o amigo, mundo afora,
Ser o narrador da hora
Das festas de vaquejada.

Ao Dr. Ray Silveira,
Que domina bem a arte
De escrever e de contar,
Seja lá em qualquer parte,
Deixo no, melhor sentido,
Muito prêmio garantido
Pelas bolsas da Funarte.

Para o Tonico Marreiro,
Eu já me sinto disposto
Em lhe deixar como herança
(Isto faço de bom gosto)
Aqui neste testamento,
Um livro pra lançamento
No vindouro mês de agosto.

Ao amigo Ney Alcântara,
Um cidadão de atitude,
Vou deixar muita amizade,
Muito alegria e virtude,
E mais oportunidade
Pra ele, nesta cidade,
Trabalhar pela saúde.

Ao amigo Gene Gonca
Eu deixo meu Chevrolet,
Para usar bem à vontade,
Sem jamais ficar a pé
E vagando por aí,
Precisando do Altay,
Para vir a Canindé.         

Para Antônio Carlos Silva,
Um cordelista fiel,
Eu deixo a minha caneta
E também muito papel,
Para ele, de memória,
Contar toda a minha história
Em folheto de cordel.

Para a amiga Miriam Lima,
Que entende de redação,
Eu vou deixar um pedido
De dentro do coração:
Que ela publique um dia
A minha biografia
No jornal De Mão em Mão.

Deixo pro Marreiro Neto,
A minha motocicleta,
Para ele, qualquer dia,
De forma muito discreta,
Colocá-la na estrada,
Pra visitar a morada
De um conhecido poeta.

Ao Expedito Crisóstomo,
Cidadão conceituado,
Que mora na Capital
Mas no sertão tem roçado,
Deixo um cavalo estradeiro
E também o meu vaqueiro,
Para cuidar do seu gado.

Para o Edval Viana,
Deixo um sítio de primeira,
Pertinho da Vila Campos,
Uma excelente ribeira,
Para o amigo plantar,
Todo o ano sem parar,
Jerimum e macaxeira.

Para o Toinho Pereira
Um homem cheio de fé,
Eu vou deixar como herança
Meu velho cabriolé,
Um transporte de valia,
Para ele qualquer dia
Visitar o Canindé.

E para o Chico Pereira,
Excelente criatura,
Eu vou deixar como herança
O meu par de dentadura
Que tá totalmente paga,
Também deixo a minha vaga
Lá dentro da prefeitura.

Deixo pra Gilzana Nana
Muito sorriso e amizade.
Para Isabely Paulino,
Uma creche na cidade;
Minha blusa colorida,
Pra Maria Aparecida
Que mora na Caridade.

Para minha amiga Lia,
Eu vou deixar como herança,
Um presente de primeira
Para ficar na lembrança:
Deixo um avião no ar,
Para ela ir passear
Com o Demétrius na França.

Para a Regina Paulino,
Que tem amizade imensa,
Aqui neste testamento
Eu vou deixar a licença,
Para ela, bem tranquila,
Levar lá na sua Vila
A Ladjane Valença.

Ao amigo Marcos Lima,
Adorável criatura,
Deixo a minha coleção
Total de literatura.
Para o Gibson Fernandes,
Eu deixo dois livros grandes
Sobre a Sagrada Escritura.

Para o Renato Perito,
Cidadão conceituado,
Grande profissional
Que dá conta do recado,
Meu bisturi vou deixar,
Para ele examinar
Meu cadáver enforcado.

Para o Dr. Severino,
Deixo a recomendação,
Que acompanhe o testamento
E a distribuição
Das coisas que eu deixei,
E tudo conforme a lei,
Pra não haver confusão.

Desta forma, meus amigos,
Meu testamento termino.
Com testemunho, dou fé.
Embaixo, meu nome assino.
E já que não temos chuva,
Vou deixar minha viúva
Pro Pedro Paulo Paulino.

2 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkk mas essa unha pra cutucar eu adorei, agora... acho que vai aparecer alguém que não vai gostar nada da herança de Pedro Paulo. Acho que teve marmelada nisso ai viu companheiro. kkkkkkkkkkk

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  2. Eu pensava que o JUDAS ia deixar a VIÚVA para o Caboré. kkkkkk

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