quinta-feira, 1 de março de 2012


CRUZ PEREGRINA EM BOA VIAGEM

Populares carregam a cruz para a igreja matriz
 Uma multidão aglomerou-se esta manhã na praça Mons. José Cândido, em frente à igreja matriz de Boa Viagem, Ceará. Na ocasião, foi celebrada missa campal para festejar a presença na cidade da cruz da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), também conhecida como Cruz Peregrina. A missa foi presidida pelo bispo da diocese de Quixadá, D. Ângelo Pignolli, com a participação do padre José Erineudo, responsável pela paróquia local.
A cruz chegou em Boa Viagem no início da noite de ontem e foi recebida por centenas de pessoas que se concentraram em torno da estátua de Nossa Senhora, na entrada principal da cidade. Depois da solenidade religiosa, o povo conduziu a cruz em via-sacra até à igreja matriz, onde aconteceu a noite de vigília.
A celebração na manhã de hoje reuniu uma multidão compacta principalmente de jovens. Estudantes da rede municipal de ensino compareceram uniformizados e em grande número. Para isso, as escolas públicas decretaram feriado. O próprio clima ajudou, fazendo brilhar o sol depois das chuvas que caíram na região nas últimas horas.  Para receber a cruz da JMJ a cidade se preparou, através do apoio dado pela Prefeitura Municipal de Boa Viagem. A pracinha ao redor da estátua da padroeira passou por reforma completa em tempo recorde, ganhando novas cores e nova iluminação. O próprio monumento ganhou nova pintura. Um trabalho envolvendo Polícias Militar e Rodoviária, Ronda do Quarteirão e Guarda Municipal foi feito para garantir o controle do trânsito e a segurança do público.
A jornada da cruz peregrina no Ceará começou no dia 18 de fevereiro em Sobral. A penúltima parada foi em Quixadá, de onde seguiu para Boa Viagem e daí seguirá para a Arquidiocese de Fortaleza. O símbolo da juventude foi criado em 1984 pelo Papa João Paulo II. Naquele ano, durante o encerramento do Jubileu da Redenção, uma cruz diferente se destacou ao lado do altar principal da Basílica de São Pedro. O próprio Papa a quis ali, para que todos pudessem vê-la. Trata-se de uma cruz de madeira medindo 3,80m de altura, que foi entregue aos jovens logo após o Papa fechar a porta santa do jubileu.
Ela é conhecida também como a “Cruz do Ano Santo”, “Cruz do Jubileu”, “Cruz da Jornada Mundial da Juventude” e “Cruz dos Jovens” e percorre o mundo todo, atravessando gerações, fronteiras, limites geográficos, políticos e de fé.

COMENTÁRIO – O instrumento da tortura e da morte de Jesus Cristo é um símbolo consagrado da Igreja Católica Romana. Vários são os meios já utilizados até hoje na pena de morte – da cruz à cadeira elétrica, incluindo a forca, injeção letal e execução sumária. Porém, muitas religiões rejeitam o emprego da cruz como objeto de veneração a Cristo. Observando essa questão por um ângulo neutro, há quem considere absurda a aceitação da cruz como um fetiche de fé. Relembrar Cristo através desse ícone é relembrar todo o seu calvário até a morte ignominiosa. A consagração à cruz chega a se igualar ou mesmo superar a consagração a Cristo e sua mensagem evangélica. A adoração a objetos em substituição à observação aos preceitos da fé e da moral cristã é uma das principais fronteiras entre a Igreja Católica e outras tantas igrejas que têm Jesus Cristo como paradigma. Tão arraigada está a cruz na fé cristã, que se supõe que esse objeto já perdeu sua primitiva evocação de instrumento de tortura e morte, ganhando uma dimensão de desmedido sentido místico. 

Multidão assiste à missa em frente à igreja matriz

D. Ângelo Pignolli preside à celebração campal


TEXTO: PEDRO PAULO PAULINO
FOTOS: FRANCISCO ESTRELA


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