terça-feira, 1 de novembro de 2011

POESIA

QUEM NÃO VÊ O PODER DA NATUREZA
NÃO ENTENDE O PODER DA CRIAÇÃO

Do repentista Geraldo Amancio, vale a pena relembrar essas décimas concebidas num momento de grande inspiração do poeta cearense nascido na cidade de Cedro:

Faz o homem, depois de pesquisar,
Tudo o que é importante, e a gente vê:
Faz o rádio transístor; faz tevê,
O foguete, o satélite e o radar.
Inventou telefone celular,
Corta os céus porque fez o avião,
Mas não faz um caroço de feijão
Pra servir de alimento em nossa mesa,
Quem não vê o poder da natureza
Não entende o poder da criação.

Eu não sei como a nuvem se apruma,
Cheia dágua sem nada que a prenda;
Sem escora, sem mão que a suspenda,
E até hoje não vi cair nenhuma!
Como é que um sapo faz espuma,
Sem escova, sem pasta, sem sabão?
Toda vez que ele canta uma canção,
A espuma acompanha a correnteza;
Quem não vê o poder da natureza
Não entende o poder da criação.

Do ateu, o palpite é um buraco
Que ele cava no orgulho destrutivo;
Diz que Deus não tem força nem é vivo;
Que é somente invenção de quem é fraco.
Diz que o homem gerou-se do macaco
E ironiza a história de Adão;
Abomina a grandeza do cristão
Por loucura, maldade ou por fraqueza;
Quem não vê o poder da natureza
Não entende o poder da criação.

Ó ateu, eu te peço que respondas,
Já que dizes que Deus é só um mito,
Quem fez terra, fez céu, fez o infinito
E a grandeza do cosmos que tu sondas?
Quem fez rio, fez mar, quem fez as ondas;
O ciclone, a procela e o vulcão?
Quem duvida da lógica e da razão
Está fora do senso, com certeza;
Quem não vê o poder da natureza
Não entende o poder da criação.

Um comentário:

  1. O poema tem uma sabedoria simples, lúcida, ao mostrar a complexidade e inteligência imanentes na Natureza, evidência que não sei como não é reconhecida pelos nossos irmãos ateus, que são tantos, especialmente nos círculos universitários. O homem é incapaz de produzir, a partir de combinações químicas do carbono, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio, ferro e outros minerais, um simples grão de feijão (é o que diz Geraldo Amâncio com palavras mais simples). Deve-se ressaltar que não vale produzir o grão de feijão por meio de engenharia genética, pois aí estar-se-ia partindo já das moléculas supercomplexas dos genes, que o homem também é incapaz de produzir a partir dos elementos químicos. Vale notar que o grão de feijão, se posto sob a terra úmida, é capaz de germinar e se transformar em uma planta, outra maravilha e mistério da natureza.
    Se o homem, com toda a sua inteligência e cultura, todo o avanço científico e tecnológico, é incapaz de produzir a vida vegetal partindo dos elementos químicos, como é que os cientistas afirmam que a vida orgânica surgiu de uma lenta evolução da matéria mineral ao longo de milhões de anos, dum suposto caldo primordial existente nos mares, simples agregados de substâncias orgânicas com predominância do carbono, fecundado por descargas elétricas da atmosfera que teriam agido como catalisadores de reações químicas que gradativamente teriam transformado moléculas simples em estruturas cada vez mais complexas, até chegar à vida vegetal, depois animal e por fim humana? E tudo isso ao acaso, sem a interferência de uma inteligência criadora? Se o homem, com toda a sua inteligência, repetimos, não consegue essa proeza, como as forças cegas do acaso poderiam?Trata-se, portanto, de uma hipótese altamente improvável. Deve-se ressaltar que a ciência é feita de hipóteses que, testadas pela experiência e confirmada pelos fatos conhecidos, transformam-se em teorias. Mas toda teoria da ciência está sujeita a ser suplantada por outra mais ampla, que explique fatos novos que a primeira não explicava. (Vide o exemplo da Teoria da Gravitação de Newton, do século XVII, que foi destronada pela Teoria da Relatividade de Einstein, 200 anos depois, no alvorecer so séc. XX.) As ciências da natureza (outrora chamadas de exatas) não são feitas de certezas irrevogáveis.
    Um simples átomo, que a ciência ortodoxa não considera vida, é extremamente complexo: trata-se de minúsculas partículas (ou ondas) neutras e de carga positiva (sem falar nos quarks, léptons e outras mais de 200 partículas instáveis que a ciência já descobriu em experiências feitas em aceleradores de partículas) unidas em um núcleo pela força mais potente da natureza - até o momento seria esta -, sendo esse núcleo orbitado por partículas negativas, também com natureza ondulatória.
    Se o átomo, cujo tamanho é infinitesimal - tem tanta complexidade, como é que seria obra do acaso, depois de um suposto Big-Bang ocorrido há bilhões de anos? Isto não passa de uma hipótese pouco provável, pois não sabemos nem como era a vida do homem há uns 50.000 anos (só temos lendas e supostos homens das cavernas).
    Para concluir, diria que ao materialista falta ainda, infelizmente, o desenvolvimento de uma faculdade superior ao intelecto, qual seja a intuição espiritual, por sinal estudada pelo filósofo francês Henry Bergson, em cujo pensamento baseou-se o maior filósofo brasileiro, Farias Brito, para elaborar o seu sistema de pensamento, que é estudado nas melhores universidades brasileiras e é tema de muitas teses acadêmicas. Por último, lembramos que Farias Brito nasceu aqui mesmo no Ceará, no final do século XIX, na cidade de São Benedito.

    Flávio Henrique

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