segunda-feira, 14 de novembro de 2011

DATA


EUCLIDES DA CUNHA
E A REPÚBLICA

O escritor Euclides da Cunha, a exemplo de outros intelectuais brasileiros, ainda bem jovem foi um personagem de destaque no movimento republicano. A esse respeito, leiamos o que diz o Capítulo V da biografia do autor d’Os Sertões, das Edições Istoé:

"Ao sair à rua no dia 16 de novembro de 1889, no Rio, Euclides surpreende-se com a agitação que encontra na cidade, com aglomerações nas esquinas e discussões agitadas. É só então, um dia depois do ato que iria marcar profundamente a vida política brasileira, que fica sabendo da proclamação da República, pelo marechal Deodoro da Fonseca, e do banimento da família imperial, que já naquele dia viajava para o exílio na Europa. Para os que não participaram do grupo reduzidíssimo, responsável pelo ato final de liquidação do Império, a notícia da proclamação da República foi motivo de surpresa e espanto. Embora tenha sido um dos heróis da República apesar de sua pouca idade – em função principalmente de seus virulentos artigos antimonarquistas na Província de S. Paulo – Euclides estava afastado da conspiração. Por isto, reagiu como todo mundo – com estupefação. Não que a queda do Império não fosse previsível. Era, ao contrário, considerada apenas uma questão de tempo. O que parece ter surpreendido a todos foi a facilidade com que a República triunfou – sem um tiro. Bastou, como se diria depois, uma ‘parada’ militar para derrubar um regime que durava 67 anos.
A descrição dos acontecimentos do dia 15 de novembro, feita por Aristides Lobo, ministro do Interior do governo provisório, ficou famosa e entrou para a História: ‘O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada. Era um fenômeno digno de ver-se. O entusiasmo veio depois, veio mesmo lentamente, quebrando o enleio dos espíritos’. Esse quadro vivo e interessante pintado por Aristides Lobo criou, contudo, uma imagem falsa ao alcance e profundidade do fato político da proclamação da República, encarado ainda hoje, por muitos, como uma mera ‘quartelada’. Esquece-se frequentemente que apenas o ato final do processo tem a feição de uma ‘quartelada’ recebida pelo povo mais do que com indiferença – com estupefação – nos exatos termos da descrição de Aristides Lobo.
Na verdade, a ‘parada’ do dia 15 de novembro não é mais do que o ato final do processo de liquidação da Monarquia, e a própria apatia da reação popular mostra o quanto era indiferente à maioria do povo a sorte do imperador e das instituições que representava. Nelson Werneck Sodré, com razão, chama a atenção para o fato de o próprio Euclides, tempos depois, reconhecer que a ‘revolução já estava feita’, quando da ‘parada’ do dia 15 de novembro, no seu estudo Da Independência à República. Com efeito, a mobilização popular em defesa do governo do marechal Floriano Peixoto, por ocasião da revolta da Armada, anos depois, assim como as manifestações populares pedindo o esmagamento da rebelião de Canudos (confundida com uma tentativa de restauração monárquica), um pouco mais tarde, mostram claramente que o ideal republicano ganhara, há muito, o apoio decidido e entusiasta de parcelas importantes da sociedade brasileira, dispostas a defender a todo custo as novas instituições.”


NOSSA LÍNGUA
Fulengo Fraco, raquítico, na BA (e em MG): "Se eu der um murro naquele fulengo, ele cai duro".


Um comentário:

  1. Em 1957, dizia Jorge Luís Borges, no seu gabinete de trabalho na Biblioteca Nacional, a Alexandre Eulálio: De la literatura brasileña conozco unicamente a Euclides da Cunha .

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