O QUE É FOLCLORE?
Autor: Patativa do Assaré
De conservar o folclore
Todos têm obrigação,
Para que nunca descore
A popular tradição
Os homens de grande estudo
Como Mainá e Cascudo
Guardam sempre nos arquivos
Populares tradições,
Cantigas, superstições
E costumes primitivos.
Você, caboclo, que cresce,
Sem instrução nem saber,
Escuta, mas não conhece
Folclore o que quer dizer;
O folclore é um pilão,
É um bodoque, um pião,
Garanto que também é
Uma grosseira cangalha
Aparelhada de palha
De palmeira ou catolé.
Posso lhe afirmar também
Folclore é superstição
O medo que você tem
Do canto do corujão.
Folclore é aquele instrumento
Para o seu divertimento
Que chamamos birimbau,
E também a brincadeira
Ritmada e prazenteira
Chamada Maneiro-pau.
Folclore, meu camarada,
Ouvimos a toda hora,
É estória de alma penada
De lubisome e caipora.
Preste atenção e decore,
Pois, com certeza, folclore
Ainda posso dizer
Que é aquele búzio de osso
Que você põe no pescoço
Do filho pra não morrer.
É o aboio magoado
Do vaqueiro na amplidão,
É o festejo animado
Da debulha de feijão,
Carro de boi e gaiola
E desafio, à viola,
Do cantador popular.
E também a toadinha
Da Ciranda-cirandinha
Vamos todos cirandar.
Eu e você que vivemos
No nosso pobre sertão
Muitas coisas inda temos
Da popular tradição;
Além de outras, o girau
E a carrocinha de pau
Em vez de bonito carro.
Que prazer, satisfação,
A gente comer pirão
Mexido em prato de barro!
E agora, prezado irmão,
Estes versos lhe dedico,
Lhe dei alguma noção
Do nosso folclore rico.
Não posso continuar,
Pois nada pude estudar,
De dentro do tema saio.
O resto lhe dirá tudo
Romão Filgueira Sampaio,
Mainá e Câmara Cascudo.
Todos têm obrigação,
Para que nunca descore
A popular tradição
Os homens de grande estudo
Como Mainá e Cascudo
Guardam sempre nos arquivos
Populares tradições,
Cantigas, superstições
E costumes primitivos.
Você, caboclo, que cresce,
Sem instrução nem saber,
Escuta, mas não conhece
Folclore o que quer dizer;
O folclore é um pilão,
É um bodoque, um pião,
Garanto que também é
Uma grosseira cangalha
Aparelhada de palha
De palmeira ou catolé.
Posso lhe afirmar também
Folclore é superstição
O medo que você tem
Do canto do corujão.
Folclore é aquele instrumento
Para o seu divertimento
Que chamamos birimbau,
E também a brincadeira
Ritmada e prazenteira
Chamada Maneiro-pau.
Folclore, meu camarada,
Ouvimos a toda hora,
É estória de alma penada
De lubisome e caipora.
Preste atenção e decore,
Pois, com certeza, folclore
Ainda posso dizer
Que é aquele búzio de osso
Que você põe no pescoço
Do filho pra não morrer.
É o aboio magoado
Do vaqueiro na amplidão,
É o festejo animado
Da debulha de feijão,
Carro de boi e gaiola
E desafio, à viola,
Do cantador popular.
E também a toadinha
Da Ciranda-cirandinha
Vamos todos cirandar.
Eu e você que vivemos
No nosso pobre sertão
Muitas coisas inda temos
Da popular tradição;
Além de outras, o girau
E a carrocinha de pau
Em vez de bonito carro.
Que prazer, satisfação,
A gente comer pirão
Mexido em prato de barro!
E agora, prezado irmão,
Estes versos lhe dedico,
Lhe dei alguma noção
Do nosso folclore rico.
Não posso continuar,
Pois nada pude estudar,
De dentro do tema saio.
O resto lhe dirá tudo
Romão Filgueira Sampaio,
Mainá e Câmara Cascudo.
Falem do Patativa o que quiserem (particularmente não sou fã)porém é inegável que seu carisma e habilidosa promoção pessoal, indiretamente, fizeram muito pela poesia nordestina, em termos de divulgação,principalmente (vai o eco) no velho continente, e isto não é nada pouco.
ResponderExcluirFOLCLORE
ResponderExcluirO folclore vem do inglês
e sabe o que quer dizer
folk é povo, lore saber
assim é em português
Willian Thoms por sua vês
o criou com muito gosto
morreu num mês de agosto
na data de vinte dois
e hoje já bem depois
seu termo ainda é imposto
O folclore é o popular
como diz estudiosos
é fatos maravilhosos
são causos a se-contar
independente do lugar
tem a sua qualidade
de manter a identidade
e a raiz de um povo
vindo do velho ao novo
não perguntando a idade
o folclore é a mistura
do passado e de agora
contos, festas de outrora
mudaram a certa altura
mas fica a estrutura
por mais que o mundo mude
com a poio da juventude
o tempo não a corrói
ressurge e se reconstrói
o que é grande virtude
crendices, superstições
brincadeiras e desejos
lendas contos e festejos
quadrilhas festas, canções
de tantas religiões
procissões,e artesanato
tudo isso é de fato
parte da nossa vivencia
que só quem tem experiencia
é um conhecedor nato
aquelas boas comidas
que só a vovó fazia
as histórias que ouvia
daquelas muito compridas
as brincadeiras, corridas
o pião, a baladeira
simpatias na fogueira
que quem só viveu adora
nunca que iram embora.
Por mais que o tempo queira
nosso folclore é herança
é o nosso de verdade
é a continuidade
do que ficou na lembrança
é o que encanta a criança
e faz o velho lembrar
está em todo lugar
das comidas a vestimenta
pois ele se reinventa
esta até em seu lar
me orgulho das tradições
de tudo que é da gente
e não sou indiferente
para as modificações
mas as novas gerações
que sabem o que é da hora
não vivam só o agora
conheçam nosso passado
antes o que está do seu lado
que aquilo que vem de fóra
É o aboio magoado/Do vaqueiro na amplidão,
ResponderExcluirÉ o festejo animado/Da debulha de feijão,/Carro de boi e gaiola/E desafio, à viola,/Do cantador popular./E também a toadinha /Da Ciranda-cirandinha/Vamos todos cirandar.
Estes versos, como tantos outros de Patativa do Assaré, encerram uma sabedoria intuitiva ao mesmo tempo ingênua e madura na sua observação perspicaz do universo sertanejo. São a expressão de uma comunhão mística com a Natureza que dispensa a erudição científica e a vacuidade de ideias da literatura pedante. Impressiona-me a pequenez de cada verso, a concisão, ao mesmo tempo que expressam uma vastidão de ideias e impressões em curtas palavras, exatas, perfeitas, sem necessidade de mais nem de menos. Patativa foi uma demonstração eloquente de que a inteligência e a sabedoria não necessariamente se encontram nas universidades, tanto é verdade que não foi por acaso que universidades europeias lhe prestaram merecidas honrarias, reconhecendo o seu valor. E perguntem por que tantos "imortais" da Academia Brasileira de Letras nunca tiveram o reconhecimento que foi dado a Patativa! Os estudiosos que souberam sentir a beleza e a sabedoria dos poemas de Patativa, enquanto ele era ainda vivo, tiveram uma sensibilidade e uma visão de mundo raras, e não se impressionavam com artifícios vazios de estilística.
Flávio Henrique