segunda-feira, 22 de agosto de 2011

poesia matuta


O QUE É FOLCLORE?

Autor: Patativa do Assaré

De conservar o folclore
Todos têm obrigação,
Para que nunca descore
A popular tradição
Os homens de grande estudo
Como Mainá e Cascudo
Guardam sempre nos arquivos
Populares tradições,
Cantigas, superstições
E costumes primitivos.

Você, caboclo, que cresce,
Sem instrução nem saber,
Escuta, mas não conhece
Folclore o que quer dizer;
O folclore é um pilão,
É um bodoque, um pião,
Garanto que também é
Uma grosseira cangalha
Aparelhada de palha
De palmeira ou catolé.

Posso lhe afirmar também
Folclore é superstição
O medo que você tem
Do canto do corujão.
Folclore é aquele instrumento
Para o seu divertimento
Que chamamos birimbau,
E também a brincadeira
Ritmada e prazenteira
Chamada Maneiro-pau.

Folclore, meu camarada,
Ouvimos a toda hora,
É estória de alma penada
De lubisome e caipora.
Preste atenção e decore,
Pois, com certeza, folclore
Ainda posso dizer
Que é aquele búzio de osso
Que você põe no pescoço
Do filho pra não morrer.

É o aboio magoado
Do vaqueiro na amplidão,
É o festejo animado
Da debulha de feijão,
Carro de boi e gaiola
E desafio, à viola,
Do cantador popular.
E também a toadinha
Da Ciranda-cirandinha
Vamos todos cirandar.

Eu e você que vivemos
No nosso pobre sertão
Muitas coisas inda temos
Da popular tradição;
Além de outras, o girau
E a carrocinha de pau
Em vez de bonito carro.
Que prazer, satisfação,
A gente comer pirão
Mexido em prato de barro!

E agora, prezado irmão,
Estes versos lhe dedico,
Lhe dei alguma noção
Do nosso folclore rico.
Não posso continuar,
Pois nada pude estudar,
De dentro do tema saio.
O resto lhe dirá tudo
Romão Filgueira Sampaio,
Mainá e Câmara Cascudo.

3 comentários:

  1. Falem do Patativa o que quiserem (particularmente não sou fã)porém é inegável que seu carisma e habilidosa promoção pessoal, indiretamente, fizeram muito pela poesia nordestina, em termos de divulgação,principalmente (vai o eco) no velho continente, e isto não é nada pouco.

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  2. FOLCLORE


    O folclore vem do inglês
    e sabe o que quer dizer
    folk é povo, lore saber
    assim é em português
    Willian Thoms por sua vês
    o criou com muito gosto
    morreu num mês de agosto
    na data de vinte dois
    e hoje já bem depois
    seu termo ainda é imposto

    O folclore é o popular
    como diz estudiosos
    é fatos maravilhosos
    são causos a se-contar
    independente do lugar
    tem a sua qualidade
    de manter a identidade
    e a raiz de um povo
    vindo do velho ao novo
    não perguntando a idade

    o folclore é a mistura
    do passado e de agora
    contos, festas de outrora
    mudaram a certa altura
    mas fica a estrutura
    por mais que o mundo mude
    com a poio da juventude
    o tempo não a corrói
    ressurge e se reconstrói
    o que é grande virtude

    crendices, superstições
    brincadeiras e desejos
    lendas contos e festejos
    quadrilhas festas, canções
    de tantas religiões
    procissões,e artesanato
    tudo isso é de fato
    parte da nossa vivencia
    que só quem tem experiencia
    é um conhecedor nato

    aquelas boas comidas
    que só a vovó fazia
    as histórias que ouvia
    daquelas muito compridas
    as brincadeiras, corridas
    o pião, a baladeira
    simpatias na fogueira
    que quem só viveu adora
    nunca que iram embora.
    Por mais que o tempo queira

    nosso folclore é herança
    é o nosso de verdade
    é a continuidade
    do que ficou na lembrança
    é o que encanta a criança
    e faz o velho lembrar
    está em todo lugar
    das comidas a vestimenta
    pois ele se reinventa
    esta até em seu lar


    me orgulho das tradições
    de tudo que é da gente
    e não sou indiferente
    para as modificações
    mas as novas gerações
    que sabem o que é da hora
    não vivam só o agora
    conheçam nosso passado
    antes o que está do seu lado
    que aquilo que vem de fóra

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  3. É o aboio magoado/Do vaqueiro na amplidão,
    É o festejo animado/Da debulha de feijão,/Carro de boi e gaiola/E desafio, à viola,/Do cantador popular./E também a toadinha /Da Ciranda-cirandinha/Vamos todos cirandar.
    Estes versos, como tantos outros de Patativa do Assaré, encerram uma sabedoria intuitiva ao mesmo tempo ingênua e madura na sua observação perspicaz do universo sertanejo. São a expressão de uma comunhão mística com a Natureza que dispensa a erudição científica e a vacuidade de ideias da literatura pedante. Impressiona-me a pequenez de cada verso, a concisão, ao mesmo tempo que expressam uma vastidão de ideias e impressões em curtas palavras, exatas, perfeitas, sem necessidade de mais nem de menos. Patativa foi uma demonstração eloquente de que a inteligência e a sabedoria não necessariamente se encontram nas universidades, tanto é verdade que não foi por acaso que universidades europeias lhe prestaram merecidas honrarias, reconhecendo o seu valor. E perguntem por que tantos "imortais" da Academia Brasileira de Letras nunca tiveram o reconhecimento que foi dado a Patativa! Os estudiosos que souberam sentir a beleza e a sabedoria dos poemas de Patativa, enquanto ele era ainda vivo, tiveram uma sensibilidade e uma visão de mundo raras, e não se impressionavam com artifícios vazios de estilística.

    Flávio Henrique

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