domingo, 11 de agosto de 2013



DIA DOS PAIS

Autor: Ghiaroni

Meu pai está tão velhinho,
tem a mão branca e comprida,
parecendo a sua vida,
longa vida que se esvai.
E eu o lembro quando moço
de uma atlética altivez.
Ah! Tinha força por três!
Você se lembra, papai?


Menino, ouvia dizer
que você era um gigante.
Eu ficava radiante
e também me agigantava.
Porque toda madrugada,
eu quentinho do agasalho,
ao sair para o trabalho
o gigante me beijava.



Sua grande mão de ferro
parecia leve, leve
naquela carícia breve
que da memória não sai.
Depois... um beijo em mamãe
e o meu gigante partia.
E a casa toda tremia
com os passos de papai.


Mas agora o seu retrato
muito moço, muito antigo,
se parece mais comigo
do que mesmo com você.
Você já lembra vovô e,
à medida que envelhece,
papai, você se parece
com mamãe, não sei por quê.


Você se lembra, papai?
Quando mamãe, de repente,
caiu de cama, doente,
era o pai quem cozinhava.
Tão grande e desajeitado
a varrer... Quando eu o via
de avental, papai, eu ria;
eu ria e mamãe chorava.


Eu quis deixar o ginásio
para ganhar ordenado,
ajudar meu pai cansado,
mas tal não aconteceu.
Papai disse estas palavras:
Sou um operário obscuro,
mas você terá futuro,
será melhor do que eu.


Eu? Melhor que este velhinho
a quem devo o pão e o estudo?
Que é pobre porque deu tudo
à Família, à Pátria, à Fé?
Meu pai, com todo o diploma,
com toda a universidade,
quisera eu ser a metade
daquilo que você é.


E quero que você saiba
que, entre amigos, conversando,
meu assunto vai girando
e no seu nome recai.
Da sua força, coragem,
bondade eu conto uma história.
Todos vêem que a minha glória
é ser filho de meu pai.


"Um dia eu fui tomar banho
no rio que estava cheio.
Quando a correnteza veio,
vi a morte aparecer.
Papai saltou dentro d’água
nadando mais do que um peixe,
salvou-me e disse: - Não deixe!
Não deixe mamãe saber!".


Assim foi meu pai, o forte
que respeitava a fraqueza.
Nunca humilhou a pobreza,
nunca a riqueza o humilhou.
Estava bem com os homens
e com Deus estava bem.
Nunca fez mal a ninguém
e o que sofreu perdoou.


Perdoa então se lhe falo
daquilo que não se esquece.
E a minha voz estremece
e há uma lágrima que cai.
Hoje sou eu o gigante
e você é pequenino.
Hoje sou eu que me inclino.
Papai... a bênção, papai.


Ouça o poema:


Um comentário:

  1. Agradeço ao meu pai, essa minha vida
    Pois a sua lida, foi dura demais
    Sofreu, trabalhou para dar-me estudo
    Fez um pouco de tudo, que hoje não faz mais.

    O tempo enruga, branqueia, envelhece
    Mas não desmerece o herói de verdade
    Aquele que se esforça, em todos momentos
    Pra dar seus rebentos, a felicidade.

    Os pais ”de verdade” que amam seus filhos
    Os põem nos trilhos de um mundo melhor
    Protegem, educam, também disciplinam.
    Aos filhos ensinam, com seu tempo e suor.

    Então aos pais, eu parabenizo.
    E também eu friso ” em todos os momentos”
    Não só uma data, mas todos os dias.
    Pois são alegrias, pra nós seus rebentos.

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