sábado, 2 de julho de 2011

OPINIÃO


SUJARAM A BELA HISTÓRIA DE SENADOR POMPEU
NO SERTÃO CENTRAL

Wanderley Pereira*

Fico muito triste, decepcionado mesmo, vendo Senador Pompeu nas manchetes dos escândalos públicos. E o principal acusado é o prefeito municipal, que continua foragido da polícia e da justiça, certamente orientado pelos advogados caros que está pagando com o dinheiro do contribuinte pobre. É uma lástima, para quem conheceu Senador Pompeu como eu conheci, ter que aceitar essa página suja de uma história linda que surgiu com o povoado ou Vila de Humaitá.
Fui menino e adolescente em Senador Pompeu e me orgulhava do centro comercial, educacional e cultural que o município representava para a região, na época da grande fartura e dos homens de bem. Conheci os prefeitos Antônio e José Soares, Agostinho Bezerra, França Cambraia e outros nomes que representaram trabalho, confiança e respeitabilidade para a população. Venho dos tempos do Grupo Escolar Martins Rodrigues, que tinha um elenco de grandes professoras como Dona Nininha, Dona Veleda, Dona Fransquinha Sá, Dona Maria Herminda, Dona Cristina Pessoa, entre outras notáveis que tantos serviços prestaram à juventude e às famílias da região.
Lembro-me dos Ginásios Nossa Senhora das Dores e Cristo Redentor, o primeiro fundado e dirigido pelas professoras Franscisquinha e Franscinete. Não esqueço grandes mestres como os professores José Sebastião da Silva, de Português e Inglês, Dona Neuda, a mulher dele, e José Barros Cavalcante, de Matemática e Latim. O outro, fundado pelo padre Odílio Lopes Galvão, era comandado por irmãs religiosas educadoras. Foram eles verdadeiros celeiros da educação. Enviaram para Fortaleza e para outros centros jovens estudantes que se formaram nas diversas profissões.
Não consigo esquecer o Senador Pompeu, centro de maior dinamismo no Sertão Central, ligado comercialmente com outros grandes centros como Campina Grande, na Paraíba. Não saem da minha lembrança os grandes armazéns de vendas no atacado como o do Aureliano, do Janjão, do José Costa, do Zezé Teixeira, do Aldemir Soares, do Geraldo Tristão, do Fortunato, do Geraldo Celedoni, do Raimundo do Fumo. Na esquina da Praça Alcides Barreira com a Rua Grande, lá estava o bar de Dona Ambrozina, ligado ao cinema também de sua propriedade.
O movimento de trens, carga e descarga nos grandes armazéns junto à grande estação da RVC, reforçavam a dinâmica da cidade. A farmácia do Dr. Adonias com o farmacêutico Mimi era garantia do atendimento. As festas da padroeira Nossa Senhora das Dores, os bairros Pavãozinho, Caracará, Alto do Bode , Barra do Patu, este último onde morou Antônio Cambraia que se tornou prefeito de Fortaleza. A ponte de ferro sobre o encontro dos rios Patu e Banabuiú, os bailes no Senador Pompeu Clube, os grandes lojistas como Geraldo Pinheiro, Luís Sá, Antônio Guilherme e tantos outros, tudo isso está presente na minha Senador Pompeu dos bons tempos. Prefiro pertencer ao seu passado de luzes e de glórias das usinas de algodão do Fonseca Coelho e da P..Machado, da Jucá, do que a este presente de vergonha, em que a cidade surge no noticiário como covil de malfeitores, comandado por gestores irresponsáveis que se ocupam unicamente de enterrar uma história tão bonita e de tanta saudade. (Via Blog da Janga)
(*)Wanderley Pereira é jornalista da TV Jangadeiro

Um comentário:

  1. Uma prova que Wanderley Pereira nos apresenta da importância cultural de Senador Pompeu num passado não muito distante é que havia um professor - que não era padre, suponho - que ensinava ao mesmo tempo matemática e latim. Dizem que na Europa,pelo menos até os anos 80, ensinava-se latim aos adolescentes como forma de desenvolver o raciocínio abstrato. E unido esse ensino ao da matemática, então, que feliz combinação! Não é por acaso que Wanderley, com a educação fundamental que teve, escreveu nos maiores periódicos do Brasil, dentre eles a revista Veja, e ainda hoje abrilhanta a literatura cearense com sua obras,inlusive da doutrina espírita.
    Por sinal, Wanderley tem dois livros no prelo, um sobre as suas experiências jornalísticas e outro sobre a história de um notável político cearense. Ambos diagramados e revisados pelo Pedro Paulo.
    Quanto à decadência socioeconômica de Senador Pompeu em virtude de mandatos e mais mandatos de políticos parasitas (para não dizer coisa pior), isso é visível em muitos municípios deste Estado. Esperemos que o caso não seja levado ao TCM ou ao CCM, que se têm mostrado inócuos ao longo desses anos, mas ao Ministério Público, que é muito mais incisivo em suas punições, sem acochambrações políticas...

    ResponderExcluir