A terra enxuta dificulta o crescimento da lavoura |
FALTA
DE CHUVA JÁ AFETA
LAVOURA EM CANINDÉ
Se o ano começou acenando favorável ao homem do campo,
o mês de fevereiro vem a cada dia matando a esperança
de uma boa safra em 2016
Contabilizando
até agora quase 20 dias sem chover, pequenos agricultores do município de
Canindé já começam a dar mostras de preocupação com mais uma ameaça de perdas
na lavoura. Plantios de culturas tradicionais, como o milho e o feijão, amargam
não só a falta de água como o ataque violento de pragas, notadamente de lagartas.
A estiagem ocorre justamente no momento crítico para o desenvolvimento de
algumas plantas, como é o caso do feijoeiro em seu estágio de floração.
Na
localidade de Morada Nova, distrito de Iguaçu, o agricultor Júlio Paulino Gomes
afirma que fez seu plantio de feijão aproveitando as boas chuvas que caíram em
janeiro. O pequeno trecho de terra plantado mostra os pés de feijão crescidos
esperando por água. “Todo dia eu faço limpa de mato e ‘chego’ terra no legume”,
explica Júlio, enquanto bate a enxada no chão seco levantando poeira.
Folha do feijoeiro atacada por lagarta |
O
pior, segundo ele, tem sido a invasão de pragas. “Já pulverizei minha roça três
vezes, mesmo assim a lagarta não para de chegar”, diz o lavrador. Perto dele,
os pés de feijão exibem as folhas devoradas pela lagarta. Olhando para o céu
sem nuvens, Júlio não vê promessa de chuva para as próximas horas e lamenta
que, se não chover a tempo, seu plantio não resiste. Consorciado com o feijão,
o plantio de milho com sementes distribuídas pelo governo ainda é muito
incipiente. “O milho é que precisa mesmo de água para crescer”, comenta.
Já
na comunidade de Bom Jesus, também no distrito de Iguaçu, nem mesmo as
plantações nos baixios às margens do rio Cangati estão prosperando. O
agricultor Luciano Alves, por exemplo, desistiu de aradar sua roça devido a
terra estar muito seca. “Acho que com mais uma semana de sol, a plantação de
feijão e milho será quase toda perdida”, observa, mostrando os pés de milhos
com tamanho bem abaixo do normal. “Não tem planta que escape com muito sol”,
comenta Luciano, apontando ao redor para as folhas enroscadas do marmeleiro.
A
mesma realidade afeta plantações em todo o interior do município de Canindé. O
quadro atual é desanimador e começa a apontar para prejuízo generalizado na
agricultura familiar, caso não chova ainda este mês. Mesmo com a volta das
chuvas, o cultivo de milho e feijão, segundo agricultores, necessitaria de
replantio em muitos casos.
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Texto/fotos: Pedro Paulo Paulino
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