No dia seguinte ao da morte do famigerado "Mel", em março de 2007, escrevi este cordel, que a exemplo do primeiro, ganhou várias reedições. O folheto também veio assinado com o mesmo pseudônimo.
O AMARGO FIM DO MEL
João Pajeú
Pra não achar quem o vença
Está mais do que provada
Esta surrada sentença
Dita pelo próprio povo
Pelo velho e pelo novo
Que o crime não compensa
Quem na criminalidade
Toma ingresso é pra saber
Que bandido a qualquer hora
Está sujeito a morrer
O fato se repetiu
Até hoje ninguém viu
Um bandido envelhecer
Uma notícia esperada
Por toda a população
Põe o fim numa novela
De grande repercussão
Polícia cumpre o papel
Em confronto, agora o Mel
Tomba sem vida no chão
Numa campana montada
Para pegar o bandido
Que foi o mais procurado
E também o mais temido
A polícia eliminou
Aquele que se tornou
Um famoso foragido
Foi no dia 28
De março, 2007
Que o fim da vida do Mel
À noite virou manchete
Foi o fim do seu programa
Ele que ganhou a fama
De ser do crime a vedete
Nas vizinhanças do Sousa
Pequena localidade
A cerca de dois quilômetros
De Canindé, a cidade
Onde o Mel nasceu, cresceu
E ali mesmo morreu
Com 20 anos de idade
Numa operação montada
Pelo Coronel Loyola
Para pegar o bandido
Que portava uma pistola
Da Polícia Federal
Desta vez Mel se deu mal
Findou pisando na bola
Depois de perder comparsas
Que lhe davam proteção
Finalmente Mel foi morto
Cumprindo uma opinião
Conforme diz a notícia
Só se entregava à polícia
Morto, com arma na mão
Há menos de 20 dias
Em Horizonte, ao agir
Numa onda de assalto
Morre Chico da Nadir
Em seguida é preso o Kel
Todos comparsas do Mel
Que pôde se foragir
No entanto, a vida dele
Tava com tempo contado
Sozinho, perdendo força
Sem seus parceiros de lado
Resistindo em se entregar
Sem ter pra quem apelar
Pelo sertão acuado
Porém, numa diligência
Para pôr fim nessa guerra
Que já dura tanto tempo
E tanta desgraça encerra
O Mel, ferido por tiro
Deu derradeiro suspiro
E tombou morto na terra
Agora, o leitor conheça
Um pouco da trajetória
De um bandido sanguinário
Que durante sua história
Fazer mal foi seu esquema
Tinha o crime como lema
Matar era a sua glória
Ednaldo Evangelista
Da Cunha, famoso Mel
Por todo mundo era tido
Como perverso e cruel
Só tinha de doce o nome
Mas pra matar, sua fome
Amargava como fel
Apenas com vinte anos
Fez bastante estripulia
Segundo foi divulgado
Muito crime ele fazia
Assaltante e latrocida
Cada ano em sua vida
Um crime correspondia
Com cara de adolescente
Do crime seguiu a trilha
Se juntando a outros entes
Foi formando uma matilha
De gente da sua classe
Até que ele completasse
Assustadora quadrilha
No ano 2005
Fugiu da delegacia
Lá de Maracanaú
E no estado inicia
Uma série de delitos
E no meio dos conflitos
Forma sua companhia
Numa escalada de crimes
O Mel foi logo acusado
De Matar José Raimundo
(Da polícia era soldado)
E depois noutro duelo
De matar João de Melo
Um sargento reformado
Sempre aprontando e fugindo
Acusaram novamente
Que Mel havia matado
João Lúcio, subtenente
E também foi acusado
De pegar um aposentado
E matar sumariamente
Inimigo da polícia
O famoso malfeitor
Era acusado também
De matar um inspetor
E seguiu sem direção
Por serra, praia e sertão
Espalhando só terror
Em diversos municípios
As forças policiais
(Em qualquer operação
Oitenta homens ou mais)
Trabalhavam sem cessar
Na intenção de pegar
O bando de marginais
Mais de 400 dias
Durava a perseguição
O medo tomou de conta
De toda a população
Que no Mel via uma fera
Parece até que ele era
Protegido pelo cão
Cada dia que passava
Mais aumentava o problema
Tudo acontece onde impera
A violência suprema
O Mel, talvez sem surpresa
A própria mãe teve presa
Envolvida nesse esquema
Pois a criminalidade
É um vício contumaz
Quando o sujeito acha pouco
Se envolver com marginais
Sem nada que o redime
Acaba, dentro do crime
Envolvendo os próprios pais
A família, como sempre
À justiça recorreu
Contratando advogado
Que a senhora defendeu
Mas, por contrariedade
Ganhou sua liberdade
Enquanto o filho morreu
E Canindé, esta terrra
Tão pacata e prazerosa
Ultimamente vivia
Num clima de polvorosa
Toda noite, nessa escala
Tinha uma chuva de bala
Deixando a gente nervosa
A cidade, infelizmente
Foi assunto nos jornais
Como sendo então reduto
Do bando de marginais
Era triste Canindé
Esta cidade da fé
Nas páginas policiais
Mas todo bandido tem
Seu destino programado
É em vão desafiar
A polícia e o Estado
Eu jamais ouvi dizer
De um bandido morrer
Bem velhinho, aposentado
Pode ser que Canindé
Tenha agora mais sossego
Que volte a paz a reinar
Aqui no nosso aconchego
Quem vendia munição
Para a quadrilha em ação
Vá procurar outro emprego
Polícia trabalha certo
Quando bandido aniquila
Para ver o mel defunto
Formou-se uma grande fila
A população queria
Ter a certeza que um dia
Voltava a dormir tranquila
O poeta Pajeú
Felicita o Coronel
E narra para os leitores
Em folheto de Cordel
A vida curta, aventuras
Audácias e diabruras
E o amargo fim do Mel
Março, 2007
Uma beleza de cordel, PPP! Parabéns pelo talento!
ResponderExcluirOia! Eu te imitei, visse? Também botei uma fogueirinha no meu blog, que é mais bonita que a tua.
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Abraços!
Naquela època cheguei a escutar que "as freiras de Canindé rezavam o final do Pai-nosso assim: ...livrai-nos do MEL, amém..."
ResponderExcluirhomen de coragem valeu mel
ResponderExcluirNa época do ocorrido eu era criança mas me lembro que o pessoal falava muito desse tal de Mel. Uma pena que tenha morrido tão novo. Mas com tanto mal que se fez já era esperado que pagasse da mesma moeda.
ResponderExcluirAmo cordel e esse eu adorei. Belo site também.
descasa em paz
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