terça-feira, 24 de março de 2015

INVERNO


O SERTÃO RENASCE

Pedro Paulo Paulino

A chuva alegra o Sertão,
Que se mostra transformado.
A seca já nem parece
Que por cá tenha passado.
O relâmpago provoca,
O trovão responde em troca,
E a nuvem dá seu recado.

Tem-se notícia de chuva
Do Sertão ao Litoral.
A natureza, festiva,
Muda todo o visual.
E, de repente, este chão
Se mostra em nova versão,
Cheio de vida, afinal...

O céu tingido de nuvens
Parece enorme tecido
Nos quatro cantos do mundo
Sobre o Sertão estendido;
O sol, que tão forte ardia,
Passa atrás da nuvem fria
Estranhamente escondido.
  
A chuva vitaminada
Despejada pela nuvem,
De um momento para o outro
Fez germinar a babugem.
Da terra então ressequida,
Pequenas formas de vida
Feito um milagre ressurgem.

A fauna se movimenta
Com mais determinação.
As incontáveis formigas
Passam como em procissão...
Certamente deve ser
Um modo de agradecer
Pelas chuvas no Sertão.

Mais cheio de inspiração
Canta o galo-de-campina,
Que havia tempo calava
Ou cantava na surdina.
Só ele sabe, no entanto,
Que com a chuva , seu canto
Perfeitamente combina.

Na correnteza das grotas
Passa todo triunfal
Um cururu desfilando,
Que, se comparando mal,
Parece alegre palhaço
Dentro da lama e bagaço,
Em baile de carnaval.

A flora toda se anima:
O Pau-branco, o Marmeleiro,
A Catingueira, a Jurema,
Num milagre verdadeiro,
Juntam-se para acenar,
Verdejantes, de invejar
O verde do Juazeiro.

Foi tanto sol, tanta seca,
Que o nosso alegre Sertão
Ficou triste, pesaroso,
Mas esses dias se vão...
O céu tornou-se bravio,
Viu-se acender um pavio,
Era o raio, era o trovão.

Era a chuva que chegava,
Como nota alvissareira.
De noite, deu seu sinal
Cantando pela biqueira.
Agora, sim, meu Sertão
Pode afirmar com razão
Ser a terra hospitaleira.


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