PROFECIAS
DE ZÉ LIMEIRA
PARA
O TERCEIRO MILÊNIO*
Autor: Jota Batista
Prezados estudiosos
Vidente, adivinhões
Doutorandos das visões
Cientistas cautelosos
Macumbeiros ociosos
Nestes versos ora venho
Falar com bastante empenho
De maneira hospitaleira
Das visões de Zé Limeira
Para o terceiro milênio
Este sujeito é um gênio
E exímio repentista
Também grande futurista
O seu respeito eu mantenho
E uma missiva eu tenho
Desse homem tão gentil
Dizendo que após dois mil
As poderosas nações
Passarão por mutações
Principalmente o Brasil
Segundo o que ele viu
Pela sua sapiência
Afirma que a ciência
Em descoberta sutil
Inventará um fuzil
Que atira de modo alterno
Devido ser tão moderno
Quem levar chumbo do tal
Já leva o cartão-postal
Das “belezas” do inferno
Dada a falta de inverno
No estado do Ceará
Nosso povo vai chiar
- Faz tempo, não molha o terno
Deus, o nosso Pai Eterno
Desta clã se compadece
Faz a São Pedro uma prece
E diz em sua aroeira:
- Abre cinco ou seis torneiras
Que esta gente merece
Porém, São Pedro se esquece
Abre todas as comportas
O céu escancara a porta
E um toró logo desce
Todo o Ceará padece
Perante a calamidade
A água, o estado invade
Em todas as suas curvas
E a venda de guarda-chuva
Aumenta em toda cidade
Mas não serão só maldade
Que trarão essas mudanças
Também haverá bonanças
E muita felicidade
Zé Limeira, na verdade
Não tem nada de ironia
Ao dizer que um belo dia
Verá pobre endinheirado
Fazendo igual deputado
Ganhando na loteria
Mas outra enorme alegria
Será orgulho da gente
Uma vez, um presidente
Oposto da tirania
Pegará sua economia
Desmontará todo um “plano”
E num gesto franciscano
Juntará a sua renda
Sítios, carros e fazendas
E agirá de modo humano
Dará dinheiro a sicrano
Sem olhar que tanto foi
A cada eleitor, um boi
Um carro, um aeroplano
No “findar do fim” do ano
Pra melhorar o astral
Tomará dois Sonrisal
E aniquila sua cota
Dando a cada patriota
Lindos cartões de Natal
No Distrito Federal
Não haverá mais ladrão
É tudo satisfação
Etc e coisa e tal
Em São Paulo, capital
Falará em plena praça
Um cientista que abraça
A tese da ecologia
E a partir desse dia
Se acaba tudo em fumaça
O Brasil revê a taça
No ano dois mil e dois
Vinte e dois anos depois
O futebol perde a graça
Um objeto que passa
No céu, deixa uma mensagem
Que diz: - Eu tou de passagem
Vou seguindo nesta escolta
Mas quando eu vier de volta
No Rio quero hospedagem
Ao retornar da viagem
O ET do Ovni
Diz que vai ficar aqui
Guarda o disco na garagem
Logo após guarda a bagaem
E sai para o centro a pé
Ao chupar um picolé
Azedo que só a morte
Ele pega seu transporte
Seqüestrando o Rei Pelé
Levando a Nova Guiné
O astro do futebol
Chega numa tarde de sol
Já começa a dar olé
Ensina homem e mulher
De como se chuta a bola
Resultado: o Rei se enrola
Essa tal extraterrestre
Numa ida a Budapeste
A peste do disco atola
O Rei corre pra uma escola
Bem perto do atoleiro
Lá, encontra um sapateiro
E pede um pouco de cola
Uma “lombra” ele descola
Viaja em sono profundo
Depois de meio segundo
Acorda de cuca tonta
Abre os olhos e dá de conta
Que se despediu do mundo
Em Minas, chega um “corcundo”
Que virá de Notredame
Fará no sangue um exame
Já que anda moribundo
Ao levar golpe profundo
Dá um grito que estremece
E assim, como se viesse
Do nada, o tal paciente
Perde o formato de gente
Pelo ar desaparece
Uma guerra então acontece
Entre sírios e sibérios
Então, haja cemitério
Pra enterrar quem falece
No Vaticano, adoece
O nosso querido Papa
Porém, da morte ele escapa
De forma rudimentar
Tomando um copo de chá
Da flor do pinhão jalapa
Micahel Jackson leva um tapa
Numa rua da Suíça
Todavia, usa malícia
Bebe um litro de garapa
Paulo Cesar sai na capa
Duma revista pornô
Que diz: - O PC gastou
Escandalosas quantias
Alisou e no outro dia
Passou a ser gigolô
Um avião bimotor
Decola de Moçambique
Cai dentro dum alambique
Embriaga o guiador
Quando chega em Salvador
Bela capital Baiana
Essa notícia profana
Um bebum faz gozação
E diz com forte emoção:
- Ah, eu lá pra tomar cana
Se o espírito não me engana
E não me falha a memória
Quem vai entrar pra história
É uma cobra caninana
O sangue desta mundana
De acordo com a medicina
Juntado à penicilina
Será de enorme proveito
Surtindo um grande efeito
Ao desentupir narina
Em Cubatão, uma usina
De origem nuclear
Muito óleo irá vazar
Causando uma fedentina
No norte de Teresina
De Piauí, capital
Chegará um vendaval
De velocidade forte
Trazendo aflição e morte
Num dia de carnaval
Numa noite de Natal
De um lindo mês de dezembro
Após o mês de novembro
Um cometa espacial
Cairá no litoral
Do estado de Sergipe
Enquanto uma forte gripe
Daquelas que não têm pena
Bota em cama Airton Sena
E também a sua equipe
Mas este não perde o pique
Levanta, acende um cigarro
E enche o tanque do carro
Quem quiser ficar, que fique
- O Piquet que me critique
Mas não vou me acomodar
Agora, é que vou pisar
Forte no acelerador
Piquet nunca me pegou
U’a gripe vai me pegar!
Fidel Castro montará
Um foguete bem ativo
Que tem como objetivo
De Marte se aproximar
E quando Cuba lançar
Esse invento propulsor
Um gay apresentador
Da televisão cubana
Dirá: – Foi nesta semana
Que eu vi que Cuba lançou
O conhecido cantor
Équis – rei da juventude
Se sente mal de saúde
Chama logo seu doutor
Que examina o radiador
Rim, biela e coração
E afirma com precisão
Tua doença, eu não sei
Mas, Roberto, tu és rei
Até dentro dum caixão
Eu termino agora, então
Esta obra do futuro
Eita diabo, eu esconjuro
Tão estranha predição
Espero que esta visão
Não seja verdade pura
Só quero que esta escritura
Que vai ao banco dos réus
Receba bênçãos dos céus
E viva a literatura!
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*Trabalho premiado e publicado pela Secretaria de Cultura do Ceará, em 1994.
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