quinta-feira, 5 de julho de 2012


CONSIDERAÇÕES SOBRE
POLÍTICA E EDUCAÇÃO

Francisco de Assis de Freitas*

E então, como ocorrem em todos os anos de pleito eleitoral, as pessoas ficam eufóricas e esperançosas em relação aos seus novos ou velhos representantes que iram passar pelo crivo dos eleitores de uma das maiores, se não a maior, democracias do mundo. Nas esquinas de todas as cidades, nas rodas de amigos, nos noticiários, na conversa de botequim e nos locais de trabalho, o assunto sempre gira em torno de quem será vitorioso ou tem mais dinheiro para gastar e até mesmo se alguém venderia seu voto por uma panela de pressão, uma dentadura (esta é clássica), um pneu de bicicleta ou por uma ninharia para pagar as contas de luz atrasadas. A verdade é que aquele que vende seu voto por favores é um traidor de si mesmo e não tem, depois, respaldo moral para cobrar ações de quem lhe comprou por 30 moedas.
Ultimamente, depois de muitas idas e vindas, de uma mexida aqui e outra ali para beneficiar este ou aquele, a chamada lei da ficha limpa, de iniciativa popular, passou a ser utilizada para impedir que candidatos que tenham sido condenados pela justiça em segunda instância e por um colegiado, não possam concorrer a cargo eletivo. Óbvio que o número de  liminares dos que foram condenados e estão, digamos assim, na lista negra, é quase astronômico. E isso nos traz rapidamente a uma questão: a celeridade da justiça em questões políticas; enquanto que a pessoa comum, reles mortal que tem, por exemplo, uma causa de danos morais ou questão trabalhista com uma grande instituição, fica anos a fio, às vezes décadas, aguardando pelo julgamento dos inúmeros recursos impetrados pela parte acionada. As ações políticas, às vezes feita por meio de liminares, são julgadas em tempo recorde e em muitas cidades já ocorreu ter dois prefeitos num só dia por conta de decisões judiciais, como p. ex. em Canindé anos atrás. Entretanto, não compete a leigos como nós discutirmos os ditames da justiça.
Alguns diriam que se espera muito pouco da maioria dos políticos quando um deles, que durante uma vida inteira dedicada a uma causa posando de bom moço, e de quem jamais se levantaria uma dúvida quanto a sua ilibada e respeitosa conduta, depois de mais uma operação de nome complicado da Polícia Federal, e eis que o nome de um baluarte dos bons costumes e pavilhão da honestidade surge como que por encanto em meio a gravações de conversas telefônicas divulgadas pela grande mídia com homens comprovadamente desonestos, donos de fortunas de origem dúbia e envolvidos em diversos tipos de delitos, pedindo favores ou cobrando a sua porcentagem em determinada negociata ou maracutaia. E às vezes é só a ponta do iceberg, e muita farinha ainda pode ser jogada no ventilador e um jogo de dominós é armado quando se instala uma CPI e ninguém sabe quem será o próximo nome a cair. Felizmente nem todos os dedos da mão são iguais e felizmente a esperança vem justamente daí: da investigação e conhecimento do teor dessas investigações, e como estamos em um país democrático e de imprensa livre, as informações nos vêm à tona, as providências e as punições, embora às vezes tímidas, são tomadas, começam a surtir efeito e uma nova geração de homens sérios e honestos começa a aflorar, compromissada com o progresso e bem estar-desta grande nação que muito tem a crescer e se firmar no papel de liderança no planeta.
Durante décadas o Brasil deixou a questão da educação muito para trás e estagnada, com pouco investimento, com crianças de 5º ano mal sabendo escrever e ler o próprio nome e com faculdades públicas sucateadas e que preparam mal o profissional recém formado. Os professores, de um modo geral, são extremamente mal remunerados e este fato ajuda a explicar a falta de empenho de alguns no desenvolvimento de suas funções. Óbvio que a maioria, a grande maioria, é extremamente devotada ao trabalho, exercendo-o quase como um sacerdócio, e existem inúmeros ótimos exemplos de professores, que mesmo mal remunerados se empenham e têm grande prazer em lecionar e por isso não podemos pôr toda a culpa na baixa qualidade de ensino e educação apenas em salários baixos e profissionais desmotivados. A condição social das famílias tem uma grande influência na formação educacional dos filhos. Todavia fica muito difícil educar uma criança criada em um ambiente de pobreza, com um colégio sem uma boa infra-estrutura e material didático, em locais com baixo IDH e com os pais inertes e não lutando para mudar o quadro. Entretanto o grande vilão da baixa qualidade educacional no Brasil certamente é a corrupção nas esferas do poder, que colabora para o quadro de miséria e pobreza; ocorrendo apenas nestes últimos anos um efetivo combate á corrupção, quando ela já estava quase virando algo comum no meio, aliada a grande sensação de impunidade que nossas leis, por vezes, deixam transparecer.
A falta de educação, não a de instrução e conhecimento, mas, sobretudo daquela que se aprende em casa, quando os deveres e valores ensinados pelos pais são cada vez mais deixados em segundo plano, se tem mostrado evidenciado no dia a dia de algumas pessoas que por um simples esbarrão no trânsito caótico das cidades, por exemplo, começa uma discussão e por vezes esta termina de forma extremamente violenta e como uma plateia sem a menor disposição de intervir e parar a bárbara cena. Estes fatos comuns nas ruas e mesmo dentro dos lares nos parecem totalmente irracionais, pois como é que seres que se intitulam donos da razão vivem a se digladiar por coisas tão simples, que poderiam ser resolvidas com um mero pedido de desculpas e um aperto de mão, quando as espécies consideradas irracionais só brigam mesmo por disputa de território de caça, comida ou por um parceiro para a perpetuação da espécie. È um fato inerente a sua natureza destrutiva é verdade, mas uma educação de melhor qualidade gerada por leis e incentivos feito por aqueles que nós colocamos nas câmaras e assembleias, certamente ajudaria a diminuir a violência e outros males que assolam nossa sociedade, além de engrandecê-la.
A cultura deixa as pessoas mais pacíficas e civilizadas. Parece que ao contrário dos demais povos, o brasileiro gosta mesmo é de lutar por direitos que não possui e que fere as normas vigentes (ingerir álcool e dirigir e se for flagrado em fiscalização ainda tem o direito de não produzir provas contra si; ouvir som alto perturbando os vizinhos; fumar maconha, pois querem liberar o uso, assim como acontece na Holanda, e lá nem por isso o consumo diminuiu e devido ao acesso fácil entre os países da Europa, traficantes de outros países europeus cruzam a fronteira holandesa para compra ou venda de maconha, já estão inclusive abrandando as penas aqui no Brasil em relação à quantidade de drogas apreendidas, fazer o que bem entender no carnaval como urinar e fazer sexo em via pública) e não luta pelos que realmente não têm: saúde, transporte, habitação, trabalho e acima de tudo uma educação de qualidade. Aqui tudo pode ser resolvido com os amistosos da Seleção, se ela vai bem o resto que se exploda, ou então com o capítulo final da novela das oito, o bandido morreu e a mocinha casou-se em uma linda igreja e todos foram felizes para sempre. Educação que é bom fica em terceiro e quarto planos. Mesmo com tudo isso temos ainda a esperança de que quando esta nação deixar de ser o país do futuro e se transformar no país do presente, estes fatos sejam apenas notas de rodapé em livros de História.  

*Cabo PM, colaborador do blog.

Um comentário:

  1. Muito bom e; aliás, esta história de Brasil Pais do futuro foi a ideologia mais escravizante que já houve. Serviu para a população ignorar o passado e subestimar o presente.

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