quarta-feira, 28 de março de 2012


SÃO JOSÉ NÃO TROUXE CHUVA

Pedro Paulo Paulino

Sertanejo ainda espera
bom inverno
Um fenômeno atípico ocorreu este ano com relação ao inverno no Ceará. Até mesmo em anos comprovadamente escassos de chuva, é comum o quadro se inverter em torno do dia 19 de março, dedicado a São José. Nesse período, que coincide com o primeiro equinócio do ano, as condições climáticas tornam mais favoráveis a presença de chuvas para nós. É o chamado Equinócio Vernal, ou de primavera. Nessa ocasião, os dias e as noites têm igual duração e ocorre a passagem do Sol, em seu movimento aparente, do hemisfério Sul para o hemisfério Norte da Terra. A mudança pode ser percebida no deslocamento das sombras projetadas por prédios e árvores. Há, então, um correlação bem acentuada do equinócio com nossa condição climática.
Falta de chuva traz carro-pipa de volta
Em 2012, no entanto, verificou-se o contrário. Em fevereiro, costumeiramente uma estação de veranico, pelo menos na região de Canindé, no Sertão Central, choveu bem mais do que em março que já está no fim. Mesmo tendo se confirmada a ausência do fenômeno denominado El Niño, que é o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, as chuvas, em muitas regiões do Estado continuam abaixo da média. O efeitos da estiagem já podem ser notados na lavoura. Plantações de milho e feijão realizadas ainda em fevereiro não prosperam. Em muitas localidades a volta do carro-pipa é uma realidade.
Até o momento estamos diante de uma seca verde. Em face das previsões otimistas para o inverno, e ainda não confirmadas, que fato novo pode ter ocorrido na natureza? O acontecimento mais marcante divulgado no início de março foi a tempestade solar que, segundo os cientistas, está sendo uma das mais violentas do começo deste século. O fenômeno ocorre a 150 milhões de quilômetros, mas seus efeitos são sentidos aqui na Terra, principalmente nos meios de comunicação que sofrem prejuízo. Transmissões na frequência de rádio AM, por exemplo, há cerca de 20 dias apresentam interferência. Os telefones, radares e outros sistemas de comunicação sem fio também são prejudicados devido à gigantesca nuvem de partículas expelidas pelo Sol. São afetados ainda pela perturbação solar o transporte aéreo, a rede elétrica e os aparelhos de GPS de alta precisão usados em operações petrolíferas e agrícolas.
Sabendo-se que o clima na terra é alvo de influências as mais diversas, é válido se perguntar se a tempestade solar, de repente, frustrou as previsões para um inverno em torno da média anual para 2012, embora saiba-se que os efeitos desse fenômeno astronômico são mais percebidos nas regiões polares do planeta, provocando inclusive as atraentes auroras boreais. O clima global é uma cadeia única e qualquer alteração pode surtir efeitos a distância.
Mesmo assim, o sertanejo ainda está otimista com relação ao inverno. As fortes chuvas caídas em Fortaleza nas últimas horas causaram alagamentos e transtornos, mas, distante dali reforçam o ânimo do homem do campo. Muita chuva no Litoral, via de regra, chega ao interior do Estado. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), as chuvas que banharam ontem (27/3) nossa Capital atingiram 197,5mm, a segunda maior precipitação acumulada na Cidade desde 1974. Enquanto isso o Sertão Central ainda convive com a estiagem. E, na Semana Santa que se aproxima, ainda não vamos contar com o feijão verde, o maxixe e o jerimum próprios do período. 

Um comentário:

  1. Como o Pedro Paulo tão bem notou neste seu artigo bem fundamentado cientificamente, não houve El Nino neste ano. O que houve de inusitado em 2012 foram as explosões solares. Será que os modelos científicos adotados para explicar o clima levam em conta fenômenos astronômicos como as manchas solares? Se não, entendo que seria mais sensato que sim, visto que não se pode ignorar os efeitos de uma colossal quantidade de partículas subatômicas sobre a atmosfera da Terra.

    Flávio Henrique

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