quinta-feira, 5 de abril de 2012

CRÔNICA


OS INJUSTIÇADOS DE ABRIL*

Por: Chico Karam

Jesus Cristo
O mês de abril assinala três efemérides distintas na sua significação. No comecinho, Dia da Mentira, a revelação da maior verdade que o mundo presenciou: o trucidamento de um deus pelas hordas romanas na tentativa vã de fazer calar a palavra sublime de fé, esperança e amor que Ele anunciou. 1º de abril foi sexta-feira santa e o mundo católico se cobriu de crepe e compunção para celebrar o martírio e a morte de Jesus, o meigo Rabi da Galileia. Mas será que a humanidade aprendeu alguma coisa daquela estupenda mensagem de paz e concórdia expressa nas páginas eloquentes do Evangelho? Terá sido inglória a doce missão pregada por Cristo no sentido de aproximar os homens, fazê-los irmãos, conseguir que se amassem uns aos outros com aquele amor ardente que extravasava do seu meigo coração? O mundo atual traiu o Salvador esquecendo seus ensinamentos e, por omissão aos princípios de Amor e Justiça, é que está sendo tomado de tanta incompreensão, assaltado de tanta violência, sacudido por tanto ódio, marcado a sangue e fogo, que somos levados a pensar como o poeta, ante a lembrança comovente do Calvário, quando diz que “enquanto aumenta o número de Judas, vai crescendo a prole de Pilatos”…
O Índio
No dia 19 comemorou-se o Dia do Índio. Comemorou-se? Como? Onde? A homenagem é justa. Os selvícolas que habitavam o Brasil por ocasião do seu descobrimento compunham uma grande nação em torno de 5 milhões, agregados em tribos e espalhados do norte ao sul. Eram donos absolutos das terras, livres como as aves, céleres como o vento, rebeldes como as cachoeiras, misteriosos e indomáveis como as nossas florestas e seus animais. Vivendo da caça e da pesca, sem usarem roupas, detendo uma civilização própria, possuíam uma cultura bem diferente e pouco entendida pelos colonizadores.
Para estes, o índio nada apresentava de bom e proveitoso. E iniciou-se aquela guerra tremenda em busca da conquista das terras com suas riquezas e do trabalho escravo. Verdadeira carnificina, com nossos selvícolas sendo cruelmente dizimados e aprisionados. Enquanto os brancos moviam contra eles essa luta insana e desigual, os jesuítas desenvolviam seu árduo, difícil e perigoso trabalho de catequese., ensinando a religião cristã, procurando viver pacificamentte com eles.
Viu-se, então, que apesar da vida rude e dos métodos agressivos, os indígenas eram sensíveis e tinham alma. Ricos eram seus costumes e tradições. Sua coragem e bravura foram evidenciadas nas lutas travadas ao lado dos brancos, pela expulsão dos estrangeiros invasores do território pátrio. Muita coisa de útil e prático foi herdada do gentio pela gente brasileira. Hoje não são mais que 200.000, em extinção pelas doenças transmissíveis. Confinados em pequenas reservas, continuam perseguidos, marginalizados e trucidados pela ganância dos conquistadores.
Tiradentes
O Proto-Mártir da nossa Independência sintetiza os nossos mais lídimos anseios de liberdade e justiça. Descoberta a conjuração mineira, preso juntamente com seus companheiros de ideal, assumiu sozinho a responsabilidade do movimento. Enquanto os outros foram degredados , o inditoso Alferes teve por sentença a morte na forca. Seu corpo, depois foi esquartejado e as partes expostas em estacas pelas ruas da vila. Com esse espetáculo macabro tencionavam as autoridades imperiais sufocar a revolta e apagar a chama patriótica que se acendia no coração dos brasileiros sedentos de emancipação política. Seu gesto, por muito tempo, calou profundamente no espírito de todos, sendo o herói cultuado por todas as forças vivas da nacionalidade, a cada 21 de abril. 
Atualmente, para desconsolo de muitos, a data quase transcorre anonimamente, se não fosse ainda marcada pelo feriado. É triste ver que o País continua dependente , subserviente, num cativeiro tão medonho quanto o enfrentado por Tiradente na sua época. Ninguém mais pretende sacrificar-se pela Pátria. Pelo contrário, é flagrante a constatação dos que lutam para levá-la ao caos e afundá-la cada vez mais. A corrupção, a roubalheira generalizada, a imunidade que se praticam à sombra da impotência e com a conivência dos nossos governantes, levam-nos a pensar haver sido o pobre Tiradentes o maior boboca da História…

*Considerar o desencontro das datas móveis.

4 comentários:

  1. Gentilissimo Poeta Pedro Paulo, este seu blog esta me dando muita satisfaçao. obrigado por essas gotas de historias e por a riqueza literaria que passa por aqui. seus trabalhos sao verdadeiramente muito tocante e nao privo de grande i ilumida inteligencia , leio sempre com muita atençao e resto sempre mais afascinada por seu trabalho.Amem rsrrs

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  2. Respostas
    1. Pedro Paulo você é um herói canindeense, tendo atitude de levar a nossa cultura mesmo assim on-line. Pra mim é de um verdadeiro amor a nosso povo que necessita tanto de cultura como também de água. Abrç. Ricardo Narciso

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  3. Essses enquetes servem para mostrar o quanto deixamos esquecidos datas importantes!!!!

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